Todo governo merece vigilância. Concordo com a visão nascida na independência americana de que o preço da liberdade é a vigilância. Logo, vejo oposição como fundamental. No entanto, há a oposição pela oposição e existe aquela que busca ser crítica e construtiva, apotando erros e reconhecendo acertos. Que esta exista nesse país nos próximos quatro anos que virão. 

Votar em um candidato não pode ser um cheque em branco jamais, mesmo quando concordamos com suas ideias ou parcela destas ideias. Afinal, o sentido de democracia não morre nas urnas. No entanto, há sempre uma histeria profunda nas esquerdas mais revolucionárias e suas narrativas. Vindo de um partido que votou contra a Constituição em peso e pelo "quanto pior, melhor", nada me espanta. É só verificar a história. 

Dito isto, pontuo: o presidente eleito Jair Messias Bolsonaro (PSL) começa a montar o seu time de ministros. O norte da redução da máquina pública, corte de gastos e a visão de que o Estado tem que ser um prestador de serviços e não um empresário ou babá do povo, é algo que me agrada. 

O futuro ministro da área econômica Paulo Guedes tem sido duro. Apresenta falas sem proselitismos e com ideias claras. Isto é bom, pois é possível discordar e apresentar teses alternativas no debate ou concordar, reconhecendo a necessidade - a meu ver - dos caminhos por ele frisado. 

Quando diz que preicisa salvar a indústria do país apesar dos industriais, manda um recado certeiro aos que se acostumaram com a fórmula dos "amigos do rei" e dos lobbys que fizeram surgir tantos Eike Batistas e esquemas dentro de um metacapitalismo oposto ao livre-mercado. Torço para que consiga colocar isso em prática, alcançando desburocratizações, desenvolvimento sustentável e economia pujante para que, desta forma, tenhamos mais geração de emprego e renda.

A fala do general Augusto Heleno destacando a importância dos Direitos Humanos  - que possuem de fato relevância, como enalteceu o futuro ministro - lembrando que a questão não é a tirar a garantia desses direitos a todos (o que não se pode fazer jamais), mas o viéis ideológico que deturpa a visão dada ao tema. Ele demonstra serenidade e cautela no combate aos exageros que podem existir dentro de eventuais radicais de parte a parte. 

O próprio Bolsonaro - em recente entrevista - frisou que um crime contra quem quer seja motivado por questões torpes, como divergência política, questão racial ou sexual, tem ser visto como agravante. Concordo! Qualquer agressão a vida de quem quer que seja é um absurdo. Se torna mais absurdo ainda quando é o preconceito ou a intolerância o elemento motivador. 

Seguindo...

É claro que o governo vai cometer erros. Todos os governos cometem, assim como os governos petistas, que não apenas cometeu erros, mas crimes, também teve acertos, como o Bolsa Família, por exemplo, e a manutenção de uma matriz econômica ortodoxa no início do governo Lula, em que pese Lula já ser quem era. Para erros, devemos estar atentos e vigilantes. Afinal, Lula manteve essa matriz para beneficiar seu esquema de poder. Todavia, a ortodoxia econômica em si, naquele momento, não deixa de ser acerto.

Agora, vem a indicação de Sérgio Moro para o Ministério da Justiça. Espero que o juiz faça um bom trabalho pelo país e não apenas pelo governo. Moro tem competência e conhecimento de causa. Que o combate à corrupção se dê, mas lembrando das garantias do Estado de Direito. Particularmente, eu preferiria Moro como juiz. Todavia, como já dito, torço para que dê certo no Ministério. Os acertos dele serão acertos para o país. 

Bolsonaro terá desafios pra além da economia. A segurança pública e o desaparelhamento da máquina pública são alguns deles. Retirar o viés ideológico para trabalhar uma Educação de qualidade também. Acerta, a meu ver, quando vislumbra um Ensino Superior mais voltado a produção cientifica com resultados proveitosos para a nação. Nisso, o Ministério de Ciência e Tecnologia pode ajudar. Podemos produzir em várias áreas. Temos potenciais  para isso. Universidades não podem ser trincheiras ideológicas, seja qual for a ideologia. 

Dentro disto, a dose de ceticismo político que nos ensina o filósofo Michael Oakeshott deve ser adotada. De um lado, sem tanta euforia. Do outro, sem histerismos. A política é a arte do possível, sobretudo em contextos tão difícieis como o vivenciado no Brasil, em que uma corrente ideológica se quer hegemônica e com maniqueísmos para separar o bem do mal com base apenas em espectros políticos. 

Aos novos ministros  desejo sorte, como um dia - em texto antigo - desejei ao ex-ministro da era petista Joaquim Levy, que assumiu, naquele contexto, a hercúlea tarefa de lidar com o estelionato eleitoral do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Levy sofreu de tudo que é lado. 

No mais, que o Brasil dê certo para todos, para mim e para os que discordam de mim. Estamos no mesmo barco...

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