O atual cenário da política brasileira não é um dos melhores para alguns eleitores. Com a disputa do segundo turno presidencial, nem todos mostram empolgação nem com Fernando Haddad (PT), nem com Jair Bolsonaro (PSL). Sem se sentir representados por nenhum dos dois candidatos, muitos eleitores decidiram anular ou votar em branco.

O Cada Minuto conversou com quatro alagoanos que não vão votar em nenhum dos dois candidatos no próximo domingo (28). Alguns votaram no primeiro turno, mas já que a disputa é entre Bolsonaro e Haddad, eles afirmam que preferem anular o voto no segundo turno.

O advogado Líbio Rocha afirmou que não se sente representado por nenhum dos programas de governo apresentados por ambos. “Muito menos pelas ideologias defendidas pelos candidatos e seus respectivos grupos políticos”, disse.

Segundo o advogado, por mais que ele tenha “ojeriza” ao Bolsonaro, ele não aceita ser chantageado pelo PT. “Mesmo sabendo da alta rejeição do PT, eles não quiseram abrir mão da hegemonia dos movimentos de centro-esquerda e esquerda quando poderiam ter apoiado uma candidatura de menor rejeição, mais ao centro”, explicou.

Líbio votou em um candidato no primeiro turno, mas no segundo vai votar pela primeira vez em branco e garante que será sem “peso nenhum na consciência”. “Sei que não contribuí para chegarmos nessa sinuca de bico. Não aceito ser obrigado a votar no ruim porque o outro seria, supostamente, o pior. Democracia não se faz assim. Democracia não é votar no menos pior, é votar em quem lhe representa e nenhum desses me representa”.

A empresária Alciene Correia disse que não deseja que nenhum dos dois governe o país, e que por este motivo vai anular o voto. Para ela, Bolsonaro é favorável a tortura, machista e não assume o que fala. Já Haddad é ligado ao PT e ela não gostaria do partido governando o país.

A publicitária Cecília Almeida disse que também não se sente representada pelos candidatos. No primeiro turno, a publicitária votou, mas disse ao Cada Minuto que vai anular o voto para “não se arrepender depois”.

“Um candidato é maluco, e o outro representa alguém que está preso. Não acho que nenhum dos dois têm condições de botar o Brasil para frente”, afirmou Cecilia.

O administrador Eduardo Ferreira assegurou que sempre buscou uma alternativa viável para votar e que vai anular o voto já que não conseguiu escolher “o menos ruim” neste segundo turno.

“Minha lógica de votação é a seguinte: primeiro turno voto com o coração e com o candidato que mais se adeque aos meus princípios e ideais. No segundo turno voto no menos ruim. Só que esse segundo turno não consegui escolher o menos ruim. São dois extremos ao extremo”, ressaltou Ferreira.

Eduardo afirmou que “de um lado existe um candidato fabricado por bravatas e nenhuma proposta cuja ideia principal dele é falar sobre costumes e que vai mudar tudo isso”. Do outro, ele enxerga um partido que tentou transformar a eleição em um plebiscito a favor do seu Deus e acabou esquecendo que o Brasil é muito mais do que isso.

 “Se o PT pensasse no Brasil, teria esquecido seu projeto de poder, feito uma autocrítica pesada com relação à corrupção e teria apoiado algum candidato, mas o poder falou mais alto e quebraram a cara”, finalizou o administrador.

 Alagoas e o número de abstenções

No 1º turno, Alagoas ficou com a terceira posição entre os estados com o maior número de abstenção de votos, ficando atrás somente do Rio de Janeiro e Minas Gerais.

De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um em cada cinco brasileiros preferiu não ir votar no pleito do primeiro turno. Nesse total, foram  29.719.056 de pessoas não compareceram às seções eleitorais - uma taxa de 20,32%. Esse é o maior índice desde 2002 (segundo verificado quando 99,42% dos votos estavam apurados).

Da região nordeste, Alagoas ficou em primeiro lugar com 22,6% do índice de faltosos, com um total de 494.353 eleitores