Na reta final do primeiro turno dessas eleições, o deputado estadual e senador eleito Rodrigo Cunha (PSDB) enfrentou uma breve "polêmica vazia" que questionava seu voto para a presidência da República. É que uma de suas atividades em via pública ocupou espaço próximo a uma manifestação de apoio ao presidenciável e deputado federal Jair Bolsonaro (PSL). 


De fato, muitos eleitores de Bolsonaro em Alagoas optarm pelo voto em Rodrigo Cunha. Todavia, o deputado estadual deixou claro que no primeiro turno votaria no ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Mas, não foi o suficiente. Cunha seguiu sendo questionado por militantes de esquerda e apoiadores de Fernando Haddad (PT). 

Cunha nunca externou apoio a Bolsonaro ou ao presidenciável Haddad. Isto é um fato.

Agora, no segundo turno, Cunha divulgou uma "carta aberta" aos alagoanos e alagoanas, na qual assume a postura de neutralidade. Mais uma vez vira alvo de críticas. Agora, dos dois lados. 

Na carta, Cunha defende valores: "Devemos buscar incessantemente a convivência harmônica entre o respeito à diversidade e a preservação da individualidade; entre a busca da liberdade e a construção da igualdade e entre o desenvolvimento econômico e a assistência social". Além disso, lamenta a polarização política no Brasil. 

Ataca a direita, que é chamada de "extremista" e diz que as forças progressistas e democráticas do Brasil não reconhece erros partidários históricos. 

Sem querer ou não, Cunha repete o discurso tão agradável às esquerdas. Primeiro: classificar quem pensa diferente dela de extremista, como se as posições do candidato do PSL fragilizassem  a democracia. Não é bem assim, apesar das falas mais rudes e duras de Bolsonaro ao longo história. Algumas repudiáveis mesmo.

Bolsonaro tem de fato rompantes em alguns momentos, declarações atabalhoadas, mas tem defendido liberdade econômica para o país, respeito à Constituição e maior efetividade na questão da segurança pública. De fato, são problemas que o país enfrenta. São propostas que podem ser acatadas ou não em um pleito eleitoral. 

Se Cunha discorda dos dois lados, como figura pública que esclareça onde realmente discorda. 

Do lado das "forças progressistas democráticas", como diz o próprio parlmentar, não estão apenas erros históricos. "Erro" é eufemismo. O PT liderou o maior esquema de corrupção da História desse país, aparelhou instituições e agora fala em nova constituinte. Ainda tem como principais aliados políticos os quais Rodrigo Cunha quis manter distância quando candidato ao Senado Federal, como é o caso do senador também reeleito Renan Calheiros (MDB).

O que Cunha enxerga apenas como erros históricos são casos de polícia que envolve o PT e seus aliados. 
Claro que Cunha pode - de forma democrática - discordar das duas propostas postas e achar que nenhuma delas vai trazer soluções efetivas para os principais problemas. Ele é livre para isso. A questão não é essa, mas sim o discurso genérico que aponta extremismo naquilo que não é "progressista" e minimiza os erros do outro campo político. Lembrando que a principal figura deste campo está presa por corrupção: Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula (PT). 

Cunha diz que busca ser o senador do diálogo e da mediação política. Espero que assim consiga. O deputado estadual tucano tem uma biografia invejável nesse meio político, marcada pela honestidade com que encarou suas pautas e sem escândalos. Justamente por isso, passará a ser o mais cobrado em momentos decisivos. 

Sei que no Senado Federal vai estar disposto a colaborar com um cenário propositivo para o país, independente do presidente eleito. Cunha está longe dos extremismos e consegue ponderar os cenários. Logo, não critico a postura adotada por ele, mas o discurso fácil que apresenta em sua nota pública. 

Comungo com um ponto da nota de Cunha: a orientação para que os eleitores pesquisem e analisem cuidadosamente, buscando a verdade, e direcionando o voto conforme a consciência e os princípios que defende. Assim como o senador, prezo pela democracia. Agora, o faço sem eufemismos e sem generalizações. 

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