O desempenho próximo dos 50% dos votos válidos coloca Jair Bolsonaro como favorito na disputa pela Presidência e também pelo quadro de disputa nos Estados. Sim, Bolsonaro é favorito, repito. As disputas que restam nos estados mostram um caminho difícil de campanha para Fernando Haddad, entre outras questões.

Contudo, os debates e entrevistas – se é que Bolsonaro irá participar – podem prejudicá-lo por conta da sua reconhecida e assumida limitada capacidade de conhecimento sobre temas em debate numa campanha eleitoral, como economia, por exemplo.

Nas declarações concedidas no final da votação deste domingo (7), Haddad e Bolsonaro aparentaram que vão evitar levar o eleitor para um discurso extremista. Agora denominado pela equipe de campanha como Fernando Haddad, o candidato da Frente Democrática na disputa presidencial de 2018 – e não mais o “petista Fernando Haddad”, ou o “candidato do PT”, ele iniciou um movimento de busca do eleitor de centro.

Apareceu ao lado da mulher e dos filhos e falou em “unir os democratas do Brasil”. Deixa duas mensagens claras sobre o tom da campanha daqui para frente: vai se agarrar no eleitorado mais pobre, em que Bolsonaro cresceu na reta final, e tentar grudar no deputado federal a pecha de antidemocrático.

Já Bolsonaro apareceu ao lado do economista Paulo Guedes e sugeriu governabilidade ao falar em 300 deputados que “prestaram solidariedade” à sua campanha. Sinalizou uma tentativa de aproximação com representantes dos partidos de centro direita, que estavam com Geraldo Alckmin no primeiro turno.

Claro, o mote usado nas declarações aos seus eleitores mais alinhados foi criticar a urna eletrônica, se dirigiu ao Nordeste, única região onde foi derrotado, e disse que o seu trabalho será o de unir os que não querem “a volta desse tipo de gente ao Palácio do Planalto”, em referência ao PT.

Regiões

No Sudeste, a derrota de Fernando Pimentel em Minas, onde o governador ficou fora da disputa entre Romeu Zema (Novo) e Antonio Anastasia (PSDB), foi terrível para Haddad. No Rio de Janeiro, o crescimento de Wilson Witzel (PSC), candidato de Bolsonaro, também ilustra dificuldades para o petista.

 No Sul também há problema para a campanha petista: Ratinho Jr (PSD), no Paraná, venceu em primeiro turno com votação expressiva. O segundo turno ficou sem representantes de esquerda no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

O Nordeste é a única região em que Haddad venceu Bolsonaro. As disputas para o governo só não acabaram em primeiro turno em Sergipe e no Rio Grande do Norte. Nesses Estados, o petista não atingiu o mesmo patamar de votos que os governadores. Precisará contar com o apoio e a “pressão dos reeleitos para ampliar os votos “.

Portanto, o desafio é imenso, mas é possível para qualquer um. Em eleição tudo pode ocorrer sempre, mesmo que seja improvável. Uma declaração, um apoio incorreto, uma resposta errada, uma demonstração de insegurança ou de falta de conhecimento, enfim, e tudo pode mudar. O imprevisível sempre ronda a política e os políticos. 

EM TEMPO - Um fato notável e que deve ser destacado é que os partidos de esquerda (PT, PSB, PDT, PSOL e PC do B) elegeram pouco mais de 130 deputados.