O que dizer a desistência do senador Fernando Collor de Mello (PTC) da candidatura ao governo do Estado de Alagoas? Bem, Collor desistiu porque antes desistiram dele. Faltou ao grupo, como mesmo disse o senador alagoano, “reciprocidade”.
O grupo sequer chegou a ser grupo. Fernando Collor de Mello foi trazido para a cabeça de chapa de última hora. Tão de última hora que um dia antes da convenção, o candidato do grupo era o vereador Eduardo Canuto (PSDB), que agora disputa uma das cadeiras da Câmara de Deputados.
Porém, a articulação encabeçada pelo PP trouxe Collor. Formou-se o palanque em meio a incômodos visíveis ainda no dia da convenção. Os caciques do PSDB sequer participaram do evento. O vice de Collor, o vereador Kelmann Vieira (PSDB), não discursou naquele momento.
Um dos candidatos ao Senado da chapa - o deputado estadual Rodrigo Cunha (PSDB) - se afastou por completo e não quis subir no palanque da majoritária. O mesmo se deu com vários candidatos das proporcionais, que faziam campanha ao lado de Benedito de Lira (PP), de Rodrigo Cunha (PSDB) ou de outros aliados, mas sem menções a Fernando Collor de Mello.
O ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) chegou a publicar uma nota, mesmo não disputando o pleito, afirmando que não votaria em Collor, mesmo entendendo a posição do PSDB. A postura do prefeito Rui Palmeira (PSDB) em relação ao senador do PTC era tímida. Collor começou a ser visto muito mais como um incômodo por muitos que estavam em seu grupo que como uma solução.
Todavia, Collor está correto em seu lamento. A candidatura dele não foi empurrada goela abaixo, mas nasceu de um acordo que reuniu os partidos na véspera e o martelo foi batido.
Com a desistência, um fato é rememorado: a incapacidade do PSDB de liderar a oposição ao governador Renan Filho (MDB) em Alagoas, quando teve a faca e o queijo na mão para isso. Repito o que já disse em outros textos: o prefeito Rui Palmeira (PSDB) não tem culpa no cartório por ter desistido do pleito não se candidatando a governador, mas sim pela forma como desistiu, sem articular o processo antes, mantendo uma unidade entre os partidos da sua base.
O primeiro a sair do grupo de oposição foi o PR do deputado federal Maurício Quintella Lessa (PR), que hoje é candidato ao Senado Federal ao lado do senador Renan Calheiros (que tenta a reeleição) e de Renan Filho.
Quem deve estar feliz da vida nesse momento é Renan Filho. Já era o favorito nas pesquisas eleitorais e caminhava para uma vitória em primeiro turno, conforme os números mostrado pelos institutos, já que as outras candidaturas - Josan Leite (PSL) e Basile (PSOL) - não alcançam os dois dígitos percentuais.
Com Collor, ainda havia uma preocupação do Palácio República dos Palmares em focar em duas candidaturas: Renan Filho e Renan Calheiros. Agora, todas as atenções devem se voltar a eleição de Renan Calheiros. Renan Filho tende a cumprir tabela, caso não haja surpresas.
A candidatura de Benedito de Lira segue como está. Afinal, o pepista já roda o Estado sem precisar de Collor ao lado. Rodrigo Cunha se afastou da coligação desde sempre.
Resta só saber se alguém será o “tampão do tampão do tampão” para encabeçar a majoritária de uma oposição que mais parece um filme dos trapalhões na sessão da tarde.
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