A decisão proferida ontem pelo desembargador Flávio Bittencourt, determinando que o Sinteal aumente para 75% o número de professores trabalhando nas escolas municipais, vai minando a paralisação dos trabalhadores da educação de Maceió e alonga o sofrimento de mais de 50 mil crianças de baixa renda e suas respectivas famílias.

O mesmo desembargador tinha determinado, cerca de um mês atrás, o percentual de 63,68% (isso mesmo) de contingente trabalhando. O resultado é o rodízio de dias de aula: de segunda a quarta. 

A motivação da greve do Sinteal é salarial. Eles pediram 15%, o município disse que só poderia oferecer 3% - percentual já aprovado pela Câmara dos Vereadores e sancionado pelo Executivo. Não foi aceito: tome greve. O governo do estado ofereceu este ano 2,95% ao mesmo Sinteal. Percentual acatado sem esperneio e sem greve, fato a se refletir. 

Ora, na matemática básica, 3 é maior que 2,95... E maior ainda é o desamparo de milhares de crianças que muitas vezes têm somente na escola a chance de se alimentar corretamente, de se afastar da violência das periferias, de ter momentos de socialização, de educação. 

Ninguém é contra a causa salarial dos professores ou de qualquer outra categoria de trabalhador. Mas tá na hora de resolver essa situação, se não pela negociação, que seja pela Justiça.