A Federação da Indústria e a Federação do Comércio - como já ocorreu em outros processos eleitorais - abrirá espaço para que os candidatos ao governo do Estado de Alagoas possam demonstrar o que pensam. O encontro ocorrerá nos dias 3 e 4 de setembro. Todavia, serão apenas ouvidos o atual governador Renan Filho (MDB), que busca a reeleição, e o senador Fernando Collor de Mello (PTC). 

É que houve um critério posto: escolher apenas os que tiveram o percentual mínimo de 5% das intenções de voto, tendo como base a pesquisa realizada pelo Ibope, no último dia 16 de agosto. Nessa, Collor aparece com 22% e Renan Filho com 46% das intenções de votos. Respeito e entendo os critérios da Federação. O que escrevo aqui é uma mera sugestão. 

É que recordo de eleições passadas, onde encontros semelhantes ouviram todos os candidatos do pleito, incluindo aqueles que apareciam com poucas chances. Seria importante para a democracia que a fórmula se repetisse. Pude acompanhar - como jornalista, em pleitos anteriores - essas sabatinas que eram promovidas pela Federação do Comércio. Um espaço rico que, além do encontro em si, também repercutia na mídia com as ideias dos candidatos.

Neste ano, temos candidaturas do PSOL, com Basile Christopoulos, e do PSL: Josan Leite. Apesar de não terem alcançado o percentual, são vozes antagônicas ao posto. Ainda que não angariem votos a partir de encontros como esses, podem se expor ao eleitor. Por exemplo: não concordo com nenhuma das bandeiras do PSOL, mas em sendo uma força posta no espaço democrático deveria se fazer presente na discussão. 

Pela logística, seriam apenas mais dois dias. 

Neste texto, não critico a decisão das Federações necessariamente. Elas são livres para estabelecer seus critérios. Apenas trago a sugestão, já que - desde as eleições passadas - talvez seja o espaço posto com maior repercussão e melhor produtividade nas discussões traçadas. Nelas, os candidatos são obrigados a responder sobretudo e ainda possuem um contato direto com platéias. 

Concordo, inclusive, com o presidente da Federação das Indústrias, José Carlos Lyra, quando ele destaca a importância da iniciativa, ainda mais em uma eleição de “tiro curto”, com menos tempo para se debater profundamente um projeto de Estado. Além disto, pegando o histórico das principais forças que polarizam a eleição, é difícil até mesmo encontrar diferenças em tais projetos. 

Não por acaso, em passado recente, o senador Fernando Collor era um aliado do governador Renan Filho. Em 2014, por exemplo, Collor foi candidato ao Senado Federal na chapa encabeçada pelo emedebista. Agora, se mostra uma oposição que nunca foi efetivamente. 

Independente da chances reais dos demais candidatos, observações e pontuações destes podem fazer diferença no processo. Em um ambiente democrático como o proposto pelas Federações, seria salutar ampliar esse leque ao invés de reproduzir o que já se vê nos guias eleitorais e nas inserções televisivas: mais tempo para quem já domina o cenário, reproduzindo o já posto. 

Em todo caso, em que pese ter feito essas considerações, parabenizo mais uma vez as Federações pelo espaço aborto, que se dará nos dias 3 e 4, com um café da manhã, às 8 horas.

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