Um dado chama atenção nas duas pesquisas registradas – Ibrape e Ibope – que trazem o cenário de momento da disputa pelo governo do Estado de Alagoas. Falarei sobre ele.
Apesar da vantagem do governador Renan Filho (MDB) em relação ao segundo colocado, o senador Fernando Collor de Mello (PTC), há um dado que chama atenção: é grande a quantidade de pessoas que não sabem em quem votar ou optarão, conforme os dados dos institutos, por votar nulo ou branco.
Segundo o Ibrape, se as eleições fossem hoje, teríamos 11% da população alagoana indecisa e 22% não votando em nenhum dos candidatos postos. Não é exagero afirmar que isso é fruto da recente crise política vivenciada no país, que colocou muitos políticos em descrédito, causando uma imensa crise de representatividade. Há muito não se discute projetos de forma aprofundada, sejam esses para os estados ou para os países.
A política virou uma briga de grupos, com base em uma matemática eleitoral, dentro de um estamento burocrático que sempre se renova no poder. Além disso, os rivais de hoje são amigos amanhã (ou vice-versa) ao sabor das circunstâncias. É o que ocorre, por exemplo, com os nomes de Fernando Collor e Renan Filho.
Collor e Renan Filho foram parceiros políticos em 2014, quando ambos estavam presentes na mesma chapa. Fernando Collor de Mello regressou ao Senado Federal com o apoio do governador que hoje recebe críticas por parte dele; quando Collor diz que este só governa para os poderosos. Além disso, Collor fez parte do governo do MDB, indicando a pasta da Agricultura. Mais que isso, também é um aliado histórico do senador Renan Calheiros (MDB), que tenta a reeleição para o Senado Federal.
Antes amigos, hoje rivais. Mas rivais até quando?
Significativa parcela da população percebe este jogo. Ainda há outra significativa parcela que – mesmo notando o xadrez político – busca não se ausentar na famosa escolha pelo “menos ruim”. Afinal, seguem a reflexão platônica, que diz: ausentar-se do processo de escolha é ser governado sem pelo menos ter tentado definir alguma coisa.
Se este quadro se faz presente na disputa pelo governo do Estado, também se replica no Senado Federal, onde é grande o número de indecisos, brancos e nulos e o mesmo ocorre quando se trata das escolhas de voto para deputado estadual e federal. É a crise de representatividade, que pode ainda gerar (anotem isso!) uma grande abstenção no dia do processo eleitoral.
Na pesquisa do Ibope, em relação à disputa pelo governo, os brancos, nulos e indecisos somaram 22% e 7% dos eleitores também afirmam não saber em quem votar. Levando-se em consideração a margem de erro, são quase os mesmos números do Ibrape. A desconfiança em relação aos nomes postos é um dado concreto desse processo eleitoral. O Brasil começa a mandar um recado para o estamento. Alagoas não é diferente!
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