Como quase sempre, o senador Fernando Collor de Mello (PTC) consegue ser a esfinge eleitoral em Alagoas. Nos últimos anos, somente quando foi candidato à reeleição ao Senado Federal (2014), que o senador do PTC teve seus rumos definidos de forma prévia. 

Em eleições passadas, Collor sempre manteve o silêncio na observância dos bastidores políticos para então lançar seu nome ou se retirar do processo, ficando apenas nos bastidores. 

Agora, em 2018, a pergunta sobre os rumos de Fernando Collor de Mello ainda circulam pelos bastidores. De um lado, há quem aposte que Collor se isente do tabuleiro de xadrez. Do outro, quem fala de suas costuras com a oposição e até mesmo com o PSDB, quiçá apostando em uma candidatura ao Governo do Estado.

No primeiro semestre, Collor chegou a ensaiar uma candidatura à presidência da República. Todavia, em nota oficial, o PTC já disse que não terá candidato, focando na eleição de parlamentares para a Câmara de Deputados e para as assembleias legislativas. 

Surgindo de surpresa, Collor sempre bagunçou o coreto. Foi assim desde que resolveu disputar o governo do Estado, em um longínquo embate com o ex-governador e atual deputado federal Ronaldo Lessa (PDT). 

Naquele momento, Lessa levou a melhor. Em 2006, pelo pequeno PRTB, Collor se lançou ao Senado Federal no último momento. Em uma campanha quase que solitária, conseguiu desbancar Ronaldo Lessa - que tinha o apoio de Renan Calheiros (MDB) e do ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) - e se elegeu para o Senado. Tentou voltar ao governo do Estado em 2010, mas foi derrotado no primeiro turno e fechou aliança com Lessa no segundo, mas ambos foram vencidos por Teotonio Vilela. 

Porém, participando de eleições ao seu modo, Collor sempre garantiu o que se chama de “recall” político, mantendo seu nome vivo ainda que transitando entre os caciques alagoanos. Em alguns momentos ao lado de Renan Calheiros, em outros mais distante. 

A preocupação de Collor - nesse processo eleitoral - não é com o resultado de 2018, mas com o cenário das próximas eleições presidenciais. É que, em 2022, mesmo que muita água ainda vá passar por baixo dessa ponte, o senador do PTC pretende disputar a reeleição. 

Se Renan Filho se reeleger candidato ao governo agora, Collor pode ter o emedebista como rival lá na frente. Uma batalha árdua que se avizinha, já que as apostas na reeleição de Renan Filho são grandes, em virtude da oposição não ter candidato consistente.

Quem já está definido como adversário de Renan Filho não tem pontuado nas pesquisas a ponto de incomodar. É o caso da candidatura de Basile (PSOL) e de Josan Leite (PSL). Os tucanos ainda não bateram o martelo quanto a candidatura do vereador Eduardo Canuto (PSDB) e conversam com Fernando Collor de Mello. 

Na base de Collor, a expectativa é grande. Até os mais próximos dizem não saber como Fernando Collor vai se posicionar. As convenções dos partidos de oposição acontecem no próximo dia 5 de agosto. Trarão surpresas? Collor já estabeleceu diálogo até com o PSL, que é o partido do presidenciável Jair Bolsonaro, e pretende ter chapa completa em Alagoas. Ao mesmo tempo, o PP do senador Benedito de Lira se aproxima de Collor. Lira é candidato à reeleição. 

O PP - segundo o deputado federal Arthur Lira - apenas discutiu com Collor a questão das proporcionais e não de uma chapa majoritária. 

O PTC já chegou a anunciar - em Alagoas - uma aliança com o PSB do deputado federal João Henrique Caldas, o JHC. 

Como isso, Collor mantém o suspense que lhe é conveniente…

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