Leio no jornal Tribuna Independente, em reportagem de Carlos Amaral, que o vereador por Maceió, Eduardo Canuto (PSDB), aceitará - caso o convite se confirme - a missão de disputar o governo do Estado de Alagoas pelo “ninho tucano”. 

Neste caso, é sim uma missão. 

Em passado não tão recente, já fiz críticas a Canuto por posturas contraditórias dentro da Câmara Municipal de Maceió, como quando saiu da base do governo do ex-prefeito Cícero Almeida (atualmente deputado federal) e compôs com o atual prefeito Rui Palmeira (PSDB), virando líder deste na Casa. 

Faz tempo, mas implicou até em mudança de partido, deixando o PV e indo para o PSDB. Havia ali - na época - uma série de contradições por conta das posturas de Almeida e de Palmeira, que chegaram até a ser rivais em uma disputa eleitoral. Mas isso é assunto do passado. Fiz a crítica e mantenho cada vírgula.

O fato é que Eduardo Canuto - entre os nomes de vereadores que já foram cotados - pode não ser o de maior densidade eleitoral, mas é o nome mais leve. Teve experiências no Executivo como secretário municipal e estadual na área do Esporte. Em suas passagens, não há escândalos ou algo que o desabone. Na política atual, infelizmente, isso significa muito. Digo infelizmente, pois essa característica deveria ser padrão.

Canuto ainda aparenta ser um bom articulador e fiel ao prefeito de Maceió, Rui Palmeira. Todavia, nunca deixou que tal fidelidade comprometesse suas funções no mandato de vereador e na articulação com a bancada. 

Quando o prefeito ou sua gestão são atacados na Casa de Mário Guimarães, sempre retorna com respostas baseadas em dados e evita embates pessoais, mas foca em esclarecimentos, compreendendo o jogo político. 

É também um ponto positivo. Se Canuto for candidato ao governo do Estado de Alagoas é, portanto, um nome que agrega no grupo de oposição e não há motivos, pelo menos aparente, para que não seja uma peça na engrenagem ao redor da qual os demais partidos se juntem para montar suas perspectivas nas eleições proporcionais. É fácil defender Canuto em público, sobretudo quando pensamos naqueles que estão na chapa e possuem dificuldades para defenderem a si mesmos. 

É uma boa solução para o pleito. Poderá fazer o discurso contra o governo do Estado de Alagoas - caso o PSDB queira de fato ser uma oposição - sem ser atacado. Além disso, tem como defender (por mais que discordemos dessas defesas) a gestão de Rui Palmeira. 

Do ponto de vista do próprio Canuto, ele acaba por ganhar visibilidade e isso pode resultar em capilaridade para eleições futuras, já que não coloca sua vida política em risco. Em caso de derrota, retorna ao parlamento-mirim. Joga fora uma campanha para deputado federal, mas deve disputar o Executivo com garantias de não ter que tirar a disputa do próprio bolso. Logo, tem muito a lucrar seja na derrota ou - levando em consideração as pesquisas - uma remota vitória. 

Salvará o PSDB? Não! Evitará que os tucanos façam um papel mais feio do que o que fizeram até agora, quando Rui Palmeira se revelou um verdadeiro coveiro político, ao enterrar a oposição logo de cara não sabendo formular a estratégia correta para a desistência de uma candidatura logo após ter assumido o diretório estadual da legenda. 

Eduardo Canuto é um nome leve para se trabalhar os pontos de uma pesquisa qualitativa, mas tem pouco tempo para se tornar mais conhecido em todo o Estado. Além disso, tem poucas chances e pode assistir a base de sustentação de sua campanha migrar para outra candidatura, naquele efeito básico das eleições, quando o rio corre para o mar. 

Quando elogio Canuto nesse sentido, não falo de aspectos ideológicos. Afinal, o PSDB de Alagoas é também o mais do mesmo. Nacionalmente, é parte de uma estratégias de tesouras, sendo uma esquerda vegetariana. Localmente, é um partido que tem histórias amalgamadas ao MDB. Oposição e situação muitas vezes se diferem por um projeto de poder e não necessariamente por propostas diferentes para o Estado. 

A missão de Canuto será unir PSDB e PP - que são as principais siglas da oposição - e com isso trazer o PROS e o Democratas. Todos os demais partidos focados em suas proporcionais. O problema aí vai estar na disputa pelo Senado Federal. O deputado estadual Rodrigo Cunha (PSDB) e o senador Benedito de Lira (PP) - que são os candidatos ao Senado - possuem suas divergências. Cunha não quer subir no mesmo palanque de Lira e isso tem incomodado o pepista. 

Então, mesmo que se unam, os partidos não formarão uma chapa tão unida. Mais ou menos o que ocorreu com o prefeito de Palmeira dos Índios, Júlio Cézar (PSB), quando ele era tucano, vereador por aquela cidade, e aceitou a missão de disputar o Executivo estadual em 2014. Todavia, vale lembrar: Júlio Cézar colheu seus louros e saiu da campanha mais forte do que o que entrou. 

A culpa dos tucanos vivenciarem esse inferno astral em Alagoas não é da desistência do prefeito Rui Palmeira, mas da forma como ele desistiu, permitindo que as forças desagregassem, incluindo a saída do deputado federal Maurício Quintella (PR) do grupo. Hoje, Quintella é candidato ao Senado Federal ao lado de Renan Calheiros. 

Em todo caso, se optarem por Canuto realmente, os tucanos chegam ao seu melhor nome de momento, que atende ao que necessitam e não atrapalha o processo de construção de chapa. Ter forças para vencer a eleição, bem… aí é outra história. 

Como saber que Eduardo Canuto é um nome disposto à missão? Eis a resposta dele na entrevista ao jornalista Carlos Amaral:  “Se for para ser candidato do PSDB, aceito o desafio. Os nomes que surgiram antes foram o da vereadora Tereza Nelma e do Kelmann Vieira [presidente da Câmara Municipal de Vereadores]. Kelmann foi vetado [pelo PP] e o prefeito Rui Palmeira afastou a possibilidade da Tereza. Daí surgiu meu nome”. 

Canuto apenas erra ao achar que o partido acredita que ele teria as melhores chances para a disputa. Mas creio que ele sabe a verdade. Canuto é político há muito tempo para ser ingênuo… é até uma pena que tendo a biografia que tem seja a última opção dos tucanos. 

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