O deputado federal Paulo Fernando dos Santos, o Paulão (PT), fez duras críticas ao Judiciário brasileiro, conforme publicado no blog da jornalista Vanessa Alencar. De acordo com a matéria, um dos petistas mais importantes de Alagoas destacou que “a máscara” deste poder “caiu” e o “cidadão compreendeu que o Judiciário tem lado”. 

Paulão se refere à manifestação do juiz Sérgio Moro após o desembargador Rogério Favreto ter concedido um habeas corpus para o ex-presidente condenado Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula (PT), que se encontra preso por corrupção e lavagem de dinheiro. A crítica também é direcionada ao presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Thompson Flores, por ter mantido a prisão de Lula. 

O PT ensaia a narrativa de colocar todo mundo sob suspeita para defender a tese de que Lula é um “preso político” ao invés de um político preso por conta do processo envolvendo o caso do Triplex. 

Assim, essa narrativa sustenta que Lula é um pré-candidato à presidência da República. Para Paulão, bastou a manifestação contrária a decisão de Favreto para que se tenha o “lado” do Judiciário. 

Mas para o petista, o fato do deputado federal Paulo Pimenta (PT/RS) ter dito - na Folha de São Paulo - que já sabia que Favreto era o plantonista daquele fim de semana e que isso pesou para que se impetrasse o pedido de habeas corpus não é suspeito. 

Assim como não é suspeito - para Paulão - o fato novo do pedido, a pré-candidatura de Lula, ser algo tão antigo que já constava na narrativa petista antes mesmo de Lula ter sido condenado em segunda instância. 

E o que dizer de Favreto ter sido filiado ao PT e ter trabalhado em gestões “vermelhas” tanto no âmbito estadual (governo de Tarso Genro) quanto em gestões federais, ao lado de José Dirceu? Bem, para Paulão nada disso é suspeito. Afinal, só parece mesmo ser suspeito para o petista aquilo que é contra o PT. Pouco importando a lógica dos fatos. 

Não discuto aqui se Moro errou ou não ao se pronunciar. Não sou jurista e reconheço que há uma verdadeira discussão nesse sentido, incluindo especialistas que não são de esquerda sustentando que Sérgio Moro teria errado. 

Mas, há uma discussão sobre o “erro” de Favreto, que também é mais que questionável, incluindo aí seis representações no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Afinal, o tal “fato novo” do pedido de habeas corpus é uma invencionice. Não há nada de novo no front. 

O PT causou a confusão jurídica e agora se aproveita da turbulência para emplacar a narrativa. Paulão embarca nela. 

Chamar o Judiciário de “lambe-botas” do sistema financeiro é um exagero inominável. É subverter os fatos. 

O relator do processo de Lula no TRF-4 exerceu o seu direito de chamar a responsabilidade para si diante de uma decisão de Favreto que não se apoiava em nenhum elemento novo e tentava passar por cima do Tribunal. 

Agora, o PT quer um inimigo. A sigla já mirou até no ministro Raul Jungmann por conta de estar na pasta a qual a Polícia Federal está ligada no organograma do Executivo federal. O deputado petista esperneia. E só! 

Com todo respeito que tenho a Paulão, pois mesmo divergindo de suas ideias reconheço que teve uma boa passagem pela Assembleia Legislativa nas pautas que promoveu, não dá para concordar com Paulão neste momento. 

Os governos petistas de Lula e Dilma foram os mais corruptos de nossa recente história. O que não quer dizer que inventaram a corrupção ou que o atual governo não tenha seus problemas e seus casos que precisam ser investigados à exaustão. Mas, como diz o dito popular: uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Luiz Inácio Lula da Silva tem culpa no cartório e precisa pagar por ela. 

Diferente das ideologias vermelhas, Lula teve direito à ampla defesa e a julgamentos em primeira e segunda instância, inclusive nessa última tendo sua pena ampliada. Ainda tem direito a recursos no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal. 

Que se sigam os ritos dentro de um processo democrático, que é algo bem diferente dos tribunais revolucionários dos regimes de inspiração marxistas defendidos pelos comunistas, onde o mesmo poder é promotor, juiz e algoz. 

Mais uma vez o PT evoca a narrativa de que a Constituição foi rasgada. Paulão esquece que rasgaram de fato a Constituição no impeachment de Dilma Rousseff, quando foram mantido os direitos políticos da ex-presidente com a ajuda do senador Renan Calheiros (MDB), que é um dos aliados ferrenhos de Lula. 

Para Paulão, as ilações que o PT faz coloca os outros em suspeita. Mas os fatos do passado de um desembargador que sempre foi tão alinhado ao Partido dos Trabalhadores é algo sobre o qual não há suspeita alguma. 

Estou no twitter: @lulavilar