Durante a revitalização da praça do Skate, localizada no bairro da Ponta Verde, técnicos da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Semds) identificaram pichações no local, antes mesmo que a obra pudesse ser finalizada.
De acordo com secretário da Semds, Gustavo Acioli Torres, os autores da ação já foram identificados e as medidas necessárias serão adotadas junto às autoridades policiais.
O caso levantou um debate acerca da ação que por uns é considerada vandalismo e, por outros, é considerada arte. Pensando nisso, a reportagem do Cada Minuto entrevistou pessoas que opinaram a respeito da temática Arte de Rua: Grafite x Pichação.
Em entrevista ao Cada Minuto, a professora de história da arte do Centro de Belas Artes de Alagoas (Cenarte), Socorro Lamenha, que mora nas proximidades da praça do Skate, disse que há anos são discutidos, cobrados e acompanhados os movimentos de apoio à revitalização da praça - um importante espaço verde, de lazer e convivência do bairro - e atos como esses certamente não acrescentam em absolutamente nada à essa luta.
“Para mim, grafite é arte! Temos maravilhosos exemplos de artistas de rua que deixaram e continuam deixando suas marcas em trabalhos originais de alta qualidade. Não consigo enxergar nada além de vandalismo em pichações invasivas, desrespeitosas, que só enfeiam e sujam as paredes das cidades”, desabafa a professora.
Ela ainda relata uma experiência enquanto fazia um curso na cidade do Rio de Janeiro. “Acompanhei o delicado trabalho de limpeza da Igreja da Candelária, que teve quase toda sua fachada pichada. Praticamente 24 horas após o término dos trabalhos de recuperação, a igreja foi pichada de novo em um ato de total desrespeito à história e ao patrimônio público”, finaliza Socorro.
Já um perfil no Instagram intitulado “@oqueosolhosnãovêememmcz” se posicionou sobre o caso afirmando que se o espaço é público e aberto, não destrói o patrimônio cultural, a ação é válida. Questionado se o pixo é uma forma de arte, o proprietário da página disse acreditar que o pixo não existe para ser arte, mas uma forma de expressão, de conscientização e, em alguns casos, de ocupar espaços e dizer para a cidade que a rua é território de todos
“Enquanto muita gente for silenciada ou não tiver seus direitos garantidos, todos os espaços devem ser ocupados. Sendo assim, a rua será o principal palco dessa ocupação e o pixo e outras manifestações podem ser instrumentos”, relatou o perfil.
O secretário Gustavo comentou sobre o caso e convidou, por meio das redes sociais, artistas que se expressam por meio do grafite a fazer intervenções no local.
“Infelizmente algumas pessoas não têm o menor respeito por nossa cidade e pelos espaços públicos. Se acham no direito de vandalizar uma revitalização que está sendo feita em prol de toda a cidade. Não sabem quantas pessoas se envolveram e trabalharam para que a obra saísse do papel, e que o dinheiro investido é público. Isso não é protesto, é crime. Voltarei a fazer um B.O. e desde já convido os artistas de rua da cidade que queiram fazer uma intervenção na pista de skate, estamos abertos para aprovarmos um trabalho neste sentido. O que não será permitido é o vandalismo”, escreveu Torres.
*Estagiária