O pequeno PTC do senador Fernando Collor de Mello caiu na real: o nome de Collor para disputar a presidência da República não emplaca. Nem de longe, Collor é o “liberal” dos seus próprios discursos, em função de suas mais recentes posturas na política. 

Não é sequer o “outsider” do momento, e muito menos consegue crescer nas pesquisas ou se livrar do alto índice de rejeição. Collor é um dos homens do estamento, que esteve ao lado do governo petista e até tentou ser governador de Alagoas - em passado não tão distante - com os apoios do ex-presidente condenado Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula (PT) e da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). 

Ou seja: uma candidatura do senador Fernando Collor de Mello à presidência da República tinha tudo para ser um fiasco. Agora, o que o PTC busca, do ponto de vista nacional, é sua sobrevivência diante da cláusula de barreira. E isso é dito com todas as letras na nota divulgada pelo presidente da legenda Daniel Tourinho. 

Tourinho destaca: “A Direção Nacional do PTC possui duas grandes responsabilidades junto ao partido. A primeira, com a sobrevivência do mesmo”. Sendo assim, coligar é bem mais proveitoso do que apostar em um candidato que figura entre os “lanternas” do processo eleitoral e ainda tem uma rejeição enorme, conforme as mais recentes pesquisas. Sem contar que isso impacta em coligações regionais que o PTC possa ter pelo país. 

Para atingir essa sobrevivência, o PTC tem uma segunda preocupação - segundo Tourinho - eleger deputados federais, estaduais e senadores filiados ao partido. Deputado federal é questão vital para as legendas. Quando qualquer partido fala em eleger deputados federais, que o eleitor leia: “recursos do Fundo Partidário”. Na realidade é isso. 

Na prática, portanto, não são duas preocupações as de Daniel Tourinho, mas uma só apenas: a sobrevivência. 

Collor não contribuiria muito como candidato a presidente. É claro que isso nunca será dito em uma nota da Direção Nacional, já que o senador alagoano é uma das principais estrelas da legenda. 

Por outro lado, o comunicado surgir de forma “democrática”, enquanto uma decisão colegiada, é uma saída honrosa para Fernando Collor de Mello, possibilitando assim discurso para outros caminhos políticos, como caso queira disputar o governo do Estado. 

Afinal, pode dizer que desistiu da candidatura da presidência após uma avaliação do partido. 

Eis que o PTC tem mesmo que adotar sacrifícios pessoais e profissionais para, além de eleger nomes, ultrapassar a cláusula de barreira, obtendo mais de 1,5% dos votos válidos nacionalmente. 

Um dos passos para isso é soltar as amarras dos núcleos estaduais para que possam firmar suas coligações respeitando as diferenças regionais. 

E Collor nesse processo? Bem, o senador alagoano tem a opção de se recolher e olhar a banda passar, já que tem mais quatro anos de Senado Federal garantido, ou então entrar - ainda que indiretamente - no jogo para justamente armar seu xadrez político para o futuro. Collor, como sempre, é uma esfinge. 

O fato é que afora Collor só olhará para Alagoas. 

Recentemente, o senador manteve diálogos com o também senador Renan Calheiros (MDB). É claro que Collor olha para o grupo emedebista com toda atenção do mundo. Afinal, se o governador Renan Filho (MDB) se reelege, como apontam as pesquisas, ele terá pela frente mais quatro anos no Executivo e ao final do próximo mandato pode se lançar na disputa pela única vaga do Senado Federal. Bate de frente com Collor. Tudo indica que Fernando Collor de Mello desejará mais uma reeleição. 

Com este cenário, o que fará Collor? Pessoas próximas ao senador apostam que ele pode cogitar - diante do novo cenário - uma candidatura ao governo do Estado ou, pelo menos, ensaiar esse processo para pressionar os Calheiros. 

Collor terá força política para tanto? Difícil avaliar. 

Mas, se surgir, por exemplo, uma candidatura do deputado federal Ronaldo Lessa (PDT) ao governo, a presença de Collor é um nome a bagunçar o coreto e atrapalhar a vida de Renan Filho, que já se via sozinho na avenida eleitoral. Cria a existência de um segundo turno. 

Logo, a decisão do PTC pode resultar em impactos locais a depender do que Fernando Collor de Mello pense. Afinal, em matéria de grupos políticos, o senador do PTC sempre foi do bloco do “eu sozinho”. 

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