Toda e qualquer denúncia contra um gestor púbico, ou ex-gestor que se pretenda candidato a um cargo eletivo, deve ser apurada. O poder Legislativo tem o papel fiscalizador. A partir dessas duas premissas, que a Câmara Municipal de Maceió faça o seu trabalho, se assim quiser, ao buscar esclarecer as denúncias feitas contra o ex-superintendente de Limpeza Urbana, Davi Maia. 

Que Maia use de seu direito à voz para esclarecer ponto a ponto do que é posto. 

Maia deixou o cargo para concorrer a uma das cadeiras da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas. Um desejo que é legítimo. Maia se destacou - na administração municipal de Rui Palmeira (PSDB) - na condução das pastas do Meio Ambiente (na primeira gestão) e na Limpeza Urbana (nesta segunda). 

Ele teve um perfil combativo e comprou brigas institucionais - como no caso do confronto com o órgão do governo do Estado Casal - e políticas, na defesa da gestão de Rui Palmeira em muitos momentos. Fora disso, teve uma postura política definida quanto ao campo de suas convicções: é um pré-candidato associado a ideias de uma direita liberal. 


Já fiz elogios públicos às ideias de Davi Maia. Não retiro tais elogios. Agora, surgem acusações de que estaria usando a pasta politicamente. Que se apure. Na questão da Casal, a meu ver, Maia estava com a razão. Disse isso em postagens. Porém, o caso aqui é outro e reitero: que se apure tudo. 

Agora, em meio a esses fatos, um ponto crucial: o presidente da Câmara Municipal de Maceió, Kelmann Vieira (PSDB), depois de receber os movimentos que denunciaram Maia, se colocou como um “inimigo político” do gestor Davi Maia. Por lógica, a posição de Vieira deve afastá-lo de participar diretamente de qualquer possível abertura de uma Comissão Especial de Investigação contra Maia, sendo ele parte integrante. No máximo, o que sobre para o inimigo declarado é sua função de presidente no encaminhamento das coisas.  

Afinal, como apurar uma denúncia de uso político de um órgão público por outro poder - que também é uma instituição pública - comandada por alguém que já se declara inimigo do investigado. Quanto mais discreto for a atuação de Vieira nesse sentido, melhor para o caso. 

A fala de Vieira é forte. Vejam só, ele não se coloca como adversário de Davi Maia em função de convicções ou até mesmo por conta de um espectro político que divide naturalmente o tabuleiro do xadrez entre aliados e opositores, já que sendo tucano está no mesmo bloco político de Maia: a base de sustentação do prefeito Rui Palmeira. 

Vieira torna-se suspeito neste processo. Repito: as denúncias são graves e devem ser apuradas. Mas isso deve ser feito sem conotações políticas. 

Os reclames dos vereadores de não estarem sendo atendidos em suas solicitações também é justo. Que a pasta se explique, pois isso foi levantado antes mesmo das denúncias chegarem à Câmara Municipal e em um discurso correto do vereador Francisco Holanda Filho, o Chico Filho (PP), dentro dos limites e das prerrogativas do Legislativo. É que cobrar é uma das funções da Câmara. 

Davi Maia - quando ao que lhe compete - tem que se posicionar e esclarecer. Enquanto homem público, não pode se esquivar. Agora, o papel de presidente a ser exercido por Kelmann Vieira tem que ser o de representante do Legislativo e não de inimigo político. Neste cargo, checar o que lhe foi encaminhado pelos movimentos que estiveram na Câmara e dar a isto o encaminhamento cabível, sem exclusões das defesas. Tais denúncias não podem jamais virar palanques. 

No mais, faltou a Vieira esclarecer por qual razão ele e Davi Maia são “inimigos políticos”. O que gerou tal situação? Será que estamos aqui falando de algo relacionado ao processo eleitoral? Por qual razão - utilizando das palavras de Vieira - Davi Maia teria que ter a hombridade de reconhecer que tem no parlamento-mirim um inimigo? Fica parecendo que nesta confusão há mais elementos do que aqueles que estão aparentes. Como o assunto é sério, seria interessante que tudo estivesse muito bem visível para que não e perca o foco. 

Davi Maia

Conversei com Davi Maia sobre as acusações que lhes são imputadas. O ex-superintendente de Limpeza Urbana disse que não há motivos para ser “inimigo” de Kelmann Vieira. “O presidente da Câmara fique tranquilo para gostar ou não de mim. Eu é que não vou entrar nesse jogo. Se a Câmara me chamar para prestar esclarecimento de qualquer coisa, eu irei sem problemas. Agora, não vou ficar alimentando essa discussão, pois não tenho nada contra o presidente. Com certeza, eu não tenho desavença com ele”. 

Maia destacou que as denúncias contra ele podem ter surgido “de dentro do governo do Estado e Alagoas”. “A Câmara pode estar sendo utilizada. Mas, repito: se a Câmara me chamar vou em problema, pois não devo nada. Querem investigar meus contratos? Tudo bem. Eu fiz quatro contratos que foram acompanhados pelo MPT. Querem falar da questão de locação de veículos? Os veículos foram locados em um contrato só envolvendo toda a Prefeitura. Não poderia ter sido feito por mim de outra forma ou com outra locadora”, complementa.

“Na época em que eu estava lá, todos os vereadores foram atendidos com seus requerimentos. O atual superintendente era o diretor-administrativo, quando estive como superintendente. Foi dado uma continuidade. Quando falam de uma nomeação que dizem política, este nem chegou a assumir, que é a questão do chefe de gabinete. Não sou funcionário da Prefeitura para ter praticado o nepotismo que disse. Essas acusações não se sustentam. O que a Câmara recebeu foi um pedaço de papel sem qualquer indício de qualquer ilegalidade, mas eu estou disponível para prestar esclarecimentos assim que me chamarem”, frisou.

Davi Maia acredita que há muitos componentes políticos nessa história. “Parece haver uma caça à minha imagem, a minha honra, enfim: um ataque pessoal”, finaliza. 

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