Um sistema capaz de capturar dados da população e, através de uma análise inteligente dessas informações, tomar decisões para melhorar a saúde pública, diminuindo o número de pacientes nas unidades e reduzindo a mortalidade infantil. Parece um sonho, mas isso está se tornando realidade em Marechal Deodoro, município litorâneo de Alagoas.
A Cidade Inteligente Saudável – nome dado pelos idealizadores do projeto, tem como diferencial o uso de uma série de novas tecnologias e métodos que não existiam no passado, uns muito simples e outros mais complexos, com a proposta de melhorar a saúde pública. Dentro desse contexto, Marechal Deodoro está virando referência como uma das primeirAs cidades inteligentes a adotar esse método inovador, rápido e com considerável redução nos custos assistenciais.
Em uma parceria da Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, com a TNH e a SYSVALE, o sistema foi todo informatizado, tantos nos componentes processadores da informação como a modernização dos equipamentos utilizados pelos agentes comunitários. O papel e a caneta foram deixados de lado e substituídos por tablets que propiciaram um processamento mais ágil, multiplicando o numero de atendimentos possíveis, gerando modelos de saúde pública mais efetivos e, principalmente, identificando problemas que antes eram ignorados ou não vistos por falta de acesso aos dados.
A mudança, na prática, é que antes os agentes de saúde precisavam visitar o paciente fisicamente ou esperar que ele chegasse ao posto de saúde com algum problema. Agora, com esse novo sistema, através de mensagens de texto interativas, via telefone celular, a Secretaria Municipal de Saúde pode educar esse paciente continuamente, trabalhar mais enfaticamente a prevenção e identificar possíveis riscos.
Nas enchentes do último ano, que atingiram fortemente o município, Marechal Deodoro foi o único dentre os demais litorâneos arrasados pelas chuvas, que não registrou nenhuma morte em decorrência de doenças de motivação hídrica, como a leptospirose. Isso porque, já com o sistema implantado, houve um trabalho de mobilização e, por meio dos SMS's a população foi alertada quanto a prevenção, sintomas e possíveis necessidades de atendimento médico.
Em uma outra situação, o sistema foi utilizado para monitorar gestantes e realizar o acompanhamento do pré-natal, tirando dúvidas e conversando sobre possíveis sintomas. O propósito foi diminuir os índices alarmantes de mortalidade infantil, que caíram cerca de 48% em 2017, se comparados com 2016. Um resultado empolgante e encorajador para o projeto.
Além disso, também há o propósito de melhorar a qualidade de vida e o bem estar da população, até como uma forma de prevenir doenças sérias que se desenvolvem no decorrer dos anos. Para isso, além das mensagens de texto, os pacientes podem ser monitorados via "wearables", pulseiras que, de forma inovadora, podem medir os batimentos corridos, pressão arterial, número de passos, dentre outras. O objetivo é informar à saúde publica sobre o sedentarismo do população e tentar incentivar hábitos saudáveis.
Além desses fatores, a informatização também propiciou outros benefícios. No setor de distribuição de medicamentos, a implantação do sistema de controle já não há permite a falta de medicamentos nas farmácias dos PSFs. Além disso, ainda reduz os gastos da prefeitura nesse quesito em 40% menos aos cofres públicos.
A partir desse Seminário de Saúde e Tecnologia as parcerias e novas tecnologias se agregam ao projeto, o ITEC, a FAPEAL, a IBM e SALUX, ampliam o alcance e a Inteligência do projeto agregando recursos como BI (Bussinnes Inteligence) e a Inteligência Artificial do Watson, que permitirão uma análise mais precisa de dados e ações cada vez mais precoces.
O conceito é uma novidade a nível mundial, onde computadores virtuais que aprendem através de Inteligência Artificial e coletam dados diretamente da população através de SMS, Facebook Messenger, bancos de dados da situação de saúde da população e também interagem diretamente com os profissionais de saúde em campo para os mesmo atuem junto a população preventiva ou assistencialmente.
O uso de recursos como telediagnostico, teleconsultas aliados ao trabalho da atenção primária complementam o novo conceito e devem dar uma resolutividade acima de 80% para os problemas de saúde da população. Diminuindo as necessidades de exames, consultas e atendimentos da rede de média e alta complexidade.
Certamente ainda há muito a avançar e o secretário municipal de saúde, Aérton Lessa, reforça que um maior desenvolvimento de Marechal Deodoro depende de empenho, comprometimento e maiores investimentos em tecnologia e inovação. "Falar de saúde já é delicado para a maioria das pessoas. Pior ainda quando não se tem assistência e sequer com quem contar. Essas parcerias são um benefício mútuo para todas as partes envolvidas. A sociedade ganha mais saúde, os profissionais mais qualidade para trabalhar e se empoderar de suas funções, e nós seguimos satisfeitos, na certeza que já melhorou muito, mas ainda temos que caminhar!
