Na coluna Labafero de hoje, há uma declaração do governador Renan Filho (MDB) em relação à situação da candidatura do deputado federal Marx Beltrão (PSD) ao Senado Federal.

Beltrão briga para ser um “terceiro candidato” em uma aliança branca com o Palácio República dos Palmares, já que o grupo de Renan Filho definiu seus dois nomes na disputa: o senador Renan Calheiros (MDB) e o deputado federal Maurício Quintella Lessa (PR).

Surge nos bastidores a informação que de Renan Filho teria mandado um recado para Marx Beltrão entregar os cargos que tinha no Palácio. A informação foi veiculada pelo jornalista Ricardo Mota em seu blog, no TNH1. O chefe do Executivo estadual diz que não manda recados.

Em outras palavras, o Palácio não quer Beltrão.

Bem, em janeiro desse ano, entrevistei Renan Filho sobre as possibilidades de Marx Beltrão ser um dos candidatos ao Senado Federal no grupo. A resposta de Renan Filho, naquele momento, continha um recado sobre a situação: “não é certeza, pois Marx Beltrão tem convites de outros partidos para analisar”.

Ficou muito claro que os palacianos já não mais trabalhavam com a certeza de ter Marx Beltrão em sua chapa em janeiro. “O MDB terá uma candidatura ou duas se ele (Marx Beltrão) permanecer no MDB, mas ele pode achar mais conveniente buscar outro partido. Mas, não vamos lançar candidaturas agora”, frisou Renan Filho.

Ou seja: o chefe do Executivo já mandava o recado a Beltrão de que sua saída do MDB pesaria sobre seu futuro. Só que não era isso que pesava.

Marx Beltrão saiu do MDB para o PSD justamente pela falta de espaços. Sempre disse aqui que, apesar do MDB ter divulgado nota garantindo a vaga de Marx Beltrão no palanque, nunca foi do interesse de Renan Filho e de Renan Calheiros tê-lo como candidato ao Senado Federal.

Beltrão sempre soube disso e não adianta dizer o contrário. A relação tinha suas tensões.

A saída de Beltrão do MDB envolveu muitas coisas, inclusive a busca por um grupo político próprio. Isto nada tem a ver com a chegada de Maurício Quintella Lessa, que pulou do barco da oposição logo após o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), desistir de disputar o governo do Estado.

Marx Beltrão se filiou ao PSD em abril de 2018, mas desde antes – ainda nas eleições de 2016 – já comandava os destinos na legenda. Beltrão sempre teve outro partido como carta na manga, pois sabia dessa tensão com o MDB de Renan Filho. As negociações entre Quintella e Renan Filho são anteriores a mudança de legenda de Beltrão, já que Rui Palmeira desistiu da candidatura ainda em março.

Beltrão era uma espécie de “patinho feio” no MDB. Ali, forçava uma candidatura, mas sabia que não teria a vida própria que pretendia.

Tanto é assim que – em março desse ano – a Tribuna Independente entrevistou Beltrão e indagou sobre a aliança de Renan Filho com Maurício Quintella Lessa. Detalhe: Beltrão ainda era do quadro do MDB.

Eis a resposta dele, na época:

“Da mesma maneira que o ministro Maurício tem o convite para ser o segundo senador na chapa, eu também tenho. Inclusive com nota pela direção estadual do MDB, tanto se eu estiver no partido quanto em outro. Portanto, eu vejo isso como uma disputa muito democrática e acho, inclusive, bom para a população em ter mais opções de voto para o Senado”.

E Marx Beltrão segue:

“Nunca escondi (o desejo de disputar o Senado Federal) da imprensa nem de ninguém. Desde o início, o presidente estadual do partido, o senador Renan Calheiros, sempre me disse que se eu quisesse, o partido daria o maior apoio a essa candidatura. Portanto, não vejo o Maurício como nenhum tipo de ameaça. Pelo contrário, acho que se for para trazer outro candidato a senador, não vejo nenhum problema”.

O MDB nunca quis Marx Beltrão candidato ao Senado Federal. O assunto foi levado no “banho-maria” por conta das conjunturas que estavam sendo construídas. Era óbvio: se Beltrão ficasse no MDB levava a rasteira. Se saísse, teria que ter condições de construir um bloco próprio. Sem grupo opositor forte, a segunda opção não se concretizou.

Marx Beltrão agora assume o discurso que não trai ninguém, que é aliado. Ser “rejeitado” potencializa seu discurso... Mas há tempo sabia de sua situação e sabia que não tinha tantos amigos assim do lado de lá...

Em resumo: a situação de Marx Beltrão nada tem a ver com Maurício Quintella Lessa, nada tem a ver com mudança de legenda, nada tem a ver com cargos...é uma questão natural da tensão sempre existente entre ele e os Calheiros. 

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