A paralisação dos caminhoneiros que reivindicam a redução do preço do diesel e da gasolina e que já dura oito dias afetou várias áreas e setores e não foi diferente com a distribuição dos alimentos no estado de Alagoas. De acordo com os comerciantes, os preços chegaram até a triplicar e isso prejudicou ainda mais as vendas de quem tem apenas esse meio para sobreviver.
Em entrevista ao Cada Minuto, Lúcia, de 61 anos, que está há 45 anos trabalhando na Rua das Árvores, no Centro de Maceió, como vendedora de frutas, hortaliças e raízes (macaxeira, batata e inhame), contou nesta segunda-feira, 28, que pela primeira vez durante todos os anos trabalhados, ela ficou sem mercadoria.
“Está tudo muito caro, eu tive que comprar o saco de batata doce hoje a R$70,00, mas o vendedor só queria me vender a R$100,00. Pelo conhecimento que eu tenho, consegui comprar, mais em conta,” explicou.
Lúcia relatou ainda que a maioria das bancas estão fechadas por não terem produtos disponíveis. Sem contar que os vendedores preferem distribuir o pouco dos produtos que têm com empresas e/ou mercados grandes.
“Tiro o sustento da minha família e pago os estudos dos meus filhos com o que vendo aqui. Sem material vai ser muito difícil de vender,” desabafou.
Segundo Erivaldo, de 52 anos, que trabalha há 20 anos, também no Centro da cidade, a falta de produtos é grande e “os vendedores da Ceasa estão segurando as mercadorias para vender por um preço maior”. Além disso, o comerciante relata que mesmo com o preço alto o produto distribuído pelos representantes, já é velho.
O comerciante disse que só tem mercadoria disponível porque os produtos são plantados por ele em sítios próximos da cidade.
Erivaldo disse ainda que não aumenta o preço da mercadoria para não perder os fregueses. “Não vou aumentar o preço porque eu não sei quanto tempo vai durar essa crise. Se eu aumentar o valor irei correr o risco de perder os meus clientes. O que eu tenho ainda dá pra vender durante uns dois ou três dias, até o tempo que durarem os meus produtos, eu vou vender.”
Aumento desleal
A situação não é diferente do Mercado da Produção, comerciantes relatam que a caixa de verduras que antes custavam cerca de R$80 ou R$100 estava sendo comercializadas no valor de R$300 e R$350 durante essa semana.
Edson da Silva, de 48 anos, trabalha no mercado da produção desde os 7 anos de idade e contou à reportagem que são poucas as bancas que possuem frutas, verduras e legumes para venda. Além disso, ele relata que as barracas que possuem as mercadorias aumentaram o valor.
Ele conta ainda que a batatinha que há algumas semanas atrás custava cerca de R$2,50 / 3,00 o quilo, hoje valia R$12,00. Assim como a cenoura que estava sendo vendida a quase R$7,00kg.
De acordo com Edson, a sua banca tem muito produto disponível porque sobraram da semana passada. “Eu consigo vender todo o material até amanhã, e se amanhã não chega mercadoria eu vou ficar sem nada.”
Maria Cícera, 68 anos, trabalha desde os 17 anos, como vendedora e relatou que os distribuidores além de aumentar os valores querem que o pagamento seja feito a vista.
“As mercadorias só aumentam o preço e não podemos comprar a vista. Antes das paralisações nós comprávamos os produtos e podia pagar com até oito dias. Hoje já não querem mais nos repassar os produtos desse jeito,” explicou.
A vendedora disse ainda que as vendas caíram bastante e que assim como Edson ela só tem produtos para vender até esta terça (29).
Conforme Maria Cícera, quem tem mercadoria tem que segurar o preço para não perder cliente. Além do mais, a comerciante conta que a mercadoria que tem só dá pra amanhã. Maria diz ainda que não tem condições de comprar os produtos mais caros. “Vou vender o que eu tenho, e se acabar amanhã, eu volto para casa. Não tenho como comprar desse jeito que estão vendendo,” concluiu.
*Estagiária












