Os pré-candidatos à presidência da República deste país estão percorrendo o Brasil. É legítimo. Em Alagoas, dois deles passam por aqui por esses dias: Valéria Monteiro (PMN) – que sequer é citada em pesquisas, mas existe – e Guilherme Boulos (PSOL), que figura lá pela lanterna em qualquer que seja o cenário.

De passagem pela Terra dos Marechais, Valéria Monteiro concedeu uma longa entrevista à jornalista Vanessa Alencar. A jornalista tocou em pontos que considero vitais na discussão da disputa pelo comando da República (se é que no Brasil ainda merece esse nome...). As respostas de Valéria Monteiro é que são desastrosas, supérfluas, genéricas, em que pese alguns acertos.

Primeiro: tenta fugir do rótulo ao bancar uma postura mais isenta do “nem azul, em vermelho”, mas – no final das contas – abraça as principais pautas alinhadas à esquerda ao deslizar pela geléia do marxismo cultural sem precisar fazer esforço. Se de forma pensada ou mais uma consequência do momento, não sei...

Mas, vejamos:

Valéria Monteiro viaja pelo país no que denominou – conforme a entrevista – de “Caravana da Coragem”.  Um ponto positivo: segundo ela, tudo está saindo do próprio bolso: carro, gasolina, estrutura de pré-campanha etc. A pré-candidata diz que a decisão da pré-candidatura surge do direito de dar voz ao povo negligenciado e decepcionado com as opções da política tradicional.

O problema é que ao querer dar voz a esta parcela da população, a candidata vai contra o que pensa uma maioria dos eleitores, levando-se em consideração pesquisas de opinião.

Na questão do Estatuto do Desarmamento, por exemplo.

A maioria da população quer ter o direito – dentro de critérios objetivos e previstos em lei – ao acesso às armas de fogo, para que não sejam estas armas monopólios do Estado ou de bandidos. Ela é contra a derrubada do Estatuto. Ainda tenta fazer disso um maniqueísmo bobo, achando que quando é atacada por sua posição, são “haters” do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) que o fazem.

É uma questão de pura lógica entender o seguinte: na maioria das pesquisas de opinião, mas de 80% da população é favorável à derrubada do Estatuto do Desarmamento. Bolsonaro não possui essa capilaridade eleitoral. Simples assim.

Atribuir a discordância à simpatia ou defesa de um candidato é tudo, menos a realidade. É ainda desconsiderar que houve referendo cujo resultado foi desrespeitado pelo governo, fraudando assim a democracia que permite hoje que Valéria Monteiro lute para ser candidata. E há até mesmo estudos sérios como dos especialistas em segurança pública Bene Barbosa e Fabrício Rebelo que são anteriores a Bolsonaro.

Valéria Monteiro – que não quer ser de esquerda, nem de direita, se diz “centro-humanista”...seja lá o que isso for... – ainda se mostra favorável ao aborto ao assumir um discurso feminista. Fala da “questão de saúde pública” pouco importando que se trate de um feto com vida própria. Ela faz novamente o maniqueísmo como se do outro lado estivessem os insensíveis que não entendem o drama da mulher.

A questão não é essa. A questão é: Valéria Monteiro tem coragem de dizer que o feto não é uma vida humana e que pode ser descartado com a mesma facilidade que um amontoado de células qualquer? Em que momento começaria a vida para Monteiro?

A candidata fica na linha de isenção com posturas de esquerda. Valéria Monteiro “tucanou” a esquerda.

Em relação ao quesito da economia, a candidata mais parecia um “Boulos da vida” ao reclama dos 95% de riquezas acumulados por 3% da população. Quase acreditei que ela defenderia a revolução proletária marxista-leninista para mudar o quadro. Porém, mudou o tom no final da resposta.

O problema do Brasil é agigantamento do Estado e ausência de empreendedorismo, valorização do setor produtivo de forma ampla e sem conchavos, para que se gere emprego e renda.

O problema não é uma pequena parcela ser muito rica, pois riqueza gera emprego e melhora a vida de muita gente em gradações visíveis no corpo social. O problema é uma imensa parcela ser muito pobre, massacrada pelos impostos, sem vislumbrar alternativa a não ser depender do Estado que subtrai de todos com alta carga tributária e devolve migalhas aos mais pobres, incentivando uma subsistência ao invés de empreendedorismo.

A saída é pelo enxugamento do Estado, fomento do setor produtivo, competitividade, enfim... tudo aquilo que faz parte da compreensão do “livre-mercado” que é odiado pelos ideólogos brasileiros de plantão.

Mas, pelo menos, Monteiro toca em dois pontos que estão corretos: desburocratização e fomento do empreendedorismo. Nisso ela acerta, apesar das premissas equivocadas. Poderia ter acatado no quanto do PIB é gasto só para manter a estrutura de governo, no pacto federativo centralizador que temos e tantos outros pontos que são fraturas expostas.

Valéria Monteiro parece ter garra e saber o que quer, pois o partido não quer deixar que ela seja candidata. Respeito a coragem. Afinal, o PMN é mais uma dessas siglas nanicas de acordos e conchavos. Ela luta para consolidar sua posição até o próximo mês. É legítimo. Agora, se Valéria Monteiro quer ser a voz de uma multidão precisa entender aquilo que grande parcela desse país rejeita...e refletir mais sobre suas respostas!

Estou no twitter: @lulavilar