SE PARECE UMA ARMA, SERÁ TRATADA COMO UMA... ARMA!

11/05/2018 12:43 - Bene Barbosa
Por Redação
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Um canal do Youtube lançou o que seria uma esquete humorística(?), com óbvio cunho crítico, à possibilidade da liberação do porte de armas no Brasil. Na pegada do “vai virar oba-oba” ou “vai virar bang-bang”, lugar comum e batido, o vídeo apresenta todos “legalmente” armados e se matando em um estacionamento. O vídeo recebeu imediatamente milhares de negativações e críticas no perfil do Facebook da produtora. É, fazer humor “lacrador” está cada vez mais difícil no Brasil, mas vamos ao que realmente é importante.

Tirando o teatrinho do absurdo, algo me chamou a atenção: quem forneceu as “armas” para a filmagem? Haveriam comprado armas de airsoft para isso? E teriam retirado suas pontas laranjas, algo não permitido pela legislação brasileira? A resposta está na descrição do vídeo, onde eles agradecem à uma empresa que trabalha com tal produto, a mesma, em nota de esclarecimento, afirmou que os equipamentos foram locados para a gravação. Não bastasse isso, o proprietário resumiu em vídeo sua posição sobre o caso, depois de tachar os críticos como “haters”: "eu mexo com airsoft e airsoft não é arma”. Assustadoramente, pelo menos para mim, seguiram-se vários comentários de apoio de quem pratica o dito esporte se posicionando francamente favoráveis ao desarmamento. Sim, por mais espantoso que seja, essas pessoas parecem não possuir a capacidade cognitiva necessária para compreender a realidade.

Tenho que concordar, é verdade que tecnicamente falando os “apontadores” de airsoft não são armas e não passam -sem ofensas – de brinquedos de gente grande e por isso possuem venda livre até em países ultra-desarmamentistas como o Japão. Não possuem letalidade, portanto, não faria sentido atribuir-lhes controle semelhante às armas de fogo. Mas, o problema, meus amigos é que isso não importa nem um pouco para os desarmamentista que, com suas cabeças de martelo, tratam tudo como sendo prego! Vejamos algumas matérias veiculadas nos últimos tempos na imprensa nacional:

Simulacros de armas estão em 40% dos roubos no Rio” – Estadão – 16/04/18

Grupo suspeito de assaltos é preso com metralhadora de airsoft” – Portal G1 – 22/02/18

De rifles a granadas, réplicas de armas podem ser compradas facilmente” – 29/04/2018

Simulacro de arma é adquirido facilmente na internet e em lojas físicas” - Portal Uol - 16/04/2018

Airsoft motiva debate em torno das exigências para a compra de arma” - Jornal O Globo – 17/01/2018

Promotor de Justiça pede controle na venda de armas de airsoft” - Tv Record – 06/05/2018

Essas são apenas uma irrisória mostra de como a imprensa trata o esporte. E agora vem a pergunta de um milhão de bolinhas plásticas: onde isso irá parar? Se alguém não conseguiu responder essa pergunta retórica, faço eu: em mais restrições e proibições!

No ambiente legislativo a coisa não é muito diferente. O deputado Alessandro Molon, ex-PT e atual REDE, um dos mais radicais anti-armas naquela acasa, é o relator do PL 4.546/12 que “regula os jogos de ação e seus equipamentos no Brasil”. Vejamos o que ele diz em seu relatório pela aprovação do projeto: “Embora não sejam lesivos, mas fabricados unicamente para a finalidade de execução de atividade desportiva, os marcadores de paintball e airsoft podem assemelhar-se ou não às armas de fogo, recaindo, aí, a necessidade de apreciação de seu mérito por esta Comissão, dadas as implicações sociais de utilização e posse indevida destes mecanismos em território nacional”. Traduzindo: precisamos acabar com o oba-oba na venda e posse desses equipamentos.

Eu poderia confortavelmente pensar “eu não jogo airsoft, gosto de armas reais e airsoft não é arma mesmo...”. Claro que jamais faria isso, não sou burro e entendo perfeitamente que quando se ataca uma arma, se ataca todas as arma.

Em um país onde há restrições e proibições até para brinquedos que espiram água em formato de arma espacial colorida, imagine então algo que pode ser facilmente confundido com armas reais. Bom, há sempre escolhas, você pode enfiar a cabeça em baixo do travesseiro e ficar repetindo ad aeternum “não é uma arma, é um apontador, não é uma arma é um apontador, não é uma arma...” ou pode começar a entender o mundo real onde até “armas” de aplicativos são censuradas. Depois não adianta chorar como criança que o papai Estado colocou de castigo e tomou o brinquedo, mas tudo bem, “airsoft nem arma é”, mesmo que no Brasil valendo a máxima de que se parece uma arma, será tratada como uma... arma!

 

 

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