O silêncio também fala. E muito. Que o digam os cerca de quatro mil alunos surdos que já estão inseridos no mercado de trabalho de Alagoas graças às aulas de Libras ofertadas pela Associação de Amigos e Pais de Pessoas Especiais (AAPPE). No Estado, há cerca de 100 mil pessoas diagnosticadas com alguma perda auditiva e metade delas utiliza a Língua Brasileira de Sinais.
Considerando que Alagoas foi o sexto Estado da federação a oficializar a comunicação em Libras, e com 30 anos voltados à educação dos surdos e capacitação para que possam ter sua autonomia profissional, a superintendente da AAPPE, Iraê Cardoso comenta que “essa conquista é gratificante, uma vez que as pessoas podem ter sua independência financeira e também alargar suas relações sociais”.
O surdo está além das funções de empacotadores de supermercado, lembrou Iraê. “Hoje eles estão graduados, seu nível de escolaridade subiu e essa é a nossa missão, promover a evolução e acompanhá-los nessa caminhada para enfrentar a concorrência como qualquer profissional”, reforçou a superintendente.
Ouvindo a lição
Iraê Cardoso lembrou que, para se desenvolverem, inclusive na esfera profissional, no futuro, as crianças surdas devem ser acompanhadas o mais prematuramente possível, para interagir e formar seus grupos sociais naturais da infância.
Na escola não é diferente. O pequeno Pedro, “após passar por um problema se saúde e ficar internado numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI) voltou com uma sequela, que foi a perda auditiva”, comentou a mãe dele, Ana Maria dos Santos.
Após a constatação, ela buscou orientação e levou Pedro para a AAPPE. “Em cerca de um ano o avanço dele é notável. Lá ele é assistido por uma fonoaudióloga, por uma otorrinolaringologista e por uma psicóloga, e hoje se comporta como qualquer criança de sua idade”, revelou entusiasmada.
Em 24 de abril, dia Nacional da Libras, Pedro ganhou o aparelho FM que consiste de um transmissor e um receptor onde o sinal da voz é enviado sem fio diretamente ao aparelho auditivo, melhorando a intensidade e qualidade do som, mesmo com a distância entre o locutor e o deficiente auditivo.
No momento da entrega, o menino estava curioso com o novo equipamento. Já a mãe, emocionada, contou que o aparelho iria contribuir muito para a vida escolar do filho.
“Esse aparelho vau permitir que Pedro possa ouvir melhor o que a professora fala na sala de aula, onde ela irá ficar com um aparelho próximo à voz e o receptor que fica acoplado ao aparelho auditivo permite que as informações cheguem de forma nítida, proporcionando melhor compreensão do que é dito e estimulando o aprendizado", explicou Iraê.
Ires
Para ampliar os serviços ofertados pela associação, em junho deste ano será inaugurado o Instituto Bilíngue de Qualificação e Referência em Surdez (Ires) que contará com creche, cozinha adaptada para a formação de profissionais, biblioteca, videoteca, auditório e diversas salas de aula onde crianças e adultos poderão aprender a língua de sinais e desenvolver a fala.
As aulas de capacitação serão ofertadas para pessoas com deficiência e também para empresas e cidadãos que queiram aprender libras.
Diagnóstico
Para a realização de diagnóstico auditivo, consultas especializadas e reabilitação neurossensorial e auditiva, a AAPPE dispõe de cinco unidades de atendimento distribuídas na capital e no interior de Alagoas, além de uma equipe formada por assistentes sociais, audiologistas, clínicos gerais, fisioterapeutas, neurologistas, neuropediatras, otorrinolaringologistas, pediatras, pedagogos, psicólogos, psiquiatras, psicopegagogos e terapeutas ocupacionais.
Os interessados em fazer alguma doação ou conhecer os trabalhos desenvolvidos na AAPPE podem acessar o site http://www.aappe.org.br.