De acordo com o conceito, autônomo é todo aquele que exerce sua atividade profissional sem vínculo empregatício, por conta própria e com assunção de seus próprios riscos. E foi assumindo os próprios riscos que Douglas Liso, de 31 anos, largou o trabalho com carteira assinada e ingressou no ramo de salgados.
Ele pegou todo o dinheiro da recisão e investiu em um negócio que está dando certo há 10 anos. "Eu sempre tive a vontade de trabalhar por conta própria. Quando saí do trabalho precisava dar essa oportunidade para mim mesmo e comecei a vender salgados. Hoje não levo nenhum arrependimento", destacou Douglas.
A jornada de trabalho é suada, mas Douglas garante que todos os dias tem suas tardes livres. Atualmente ele faz a distribuição de salgados em alguns estabelecimentos e até fornece para outros trabalhadores autônomos, como os donos de carrinho de caldo de cana.
Às 4h da manhã, Douglas sai de casa para iniciar as entregas e depois seguir para o seu "ponto fixo", uma calçada no bairro de Cruz de Almas. "E aqui eu fico atendendo meus clientes que saem cedo de casa, tomam café e seguem para trabalhar. Todos os dias a minha rotina é essa e a tarde ainda sobra tempo para cantar junto com alguns amigos", completou ele.
Já o autonômo Nilvaldo Costa, de 36 anos, afirma que um dos maiores desafios de ser um trabalhador autônomo é a questão da renda.
"Não tem salário fixo, e isso é muito complicado. Um dia a gente está com dinheiro, no outro não. Diferente de quando você é assalariado, que tem aquele certo todo mês. Outro grande desafio é a questão das datas comemorativas, principalmente nas épocas de feriadão. Eu trabalho com festas e eventos e geralmente não tem nada nesses períodos. A organização com o dinheiro tem que ser dobrada, e se acontece algum tipo de imprevisto, ele falta. Não tem jeito", detalhou.
Costa conta ainda que escolheu esse ramo porque nunca achou justo trabalhar para "os outros".
"Por exemplo, não tenho um patrão que me pague menos da metade do que ele recebe pelo meu trabalho. Tudo que eu produzo é meu. Meu nível de escolaridade não é alto, então no máximo eu ganharia um ou dois salários mínimos. Já passei por situações de trabalhar em empresa e ter que ir doente, enquanto o chefe não vai quase nenhum dia por mês. Não me sinto confortável nesse tipo de situação e prefiro batalhar por mim mesmo".
Casa do Trabalhador Autônomo
Para facilitar o contato e a intermediação dos serviços prestado por um trabalhador autonômo, a Casa do Trabalhador Autônomo (CTA) vem fazendo a inserção no mercado informal de trabalho. Essa é uma forma de aumentar a procura por serviços qualificados, assim como proporcionar segurança para quem contrata o serviço e para quem presta o serviço.
Ao fazer o encaminhamento, a CTA envia junto com o trabalhador autônomo um código de segurança e carteira de identificação exclusiva da Central.
"Os preços serão orçados e acertados diretamente entre o Cliente e o Autônomo, inclusive pagamento. No caso da não aceitação do candidato, o cliente pagará apenas a passagem do coletivo de retorno para o Trabalhador Autônomo e, se desejar, poderá solicitar outro trabalhador, iniciando outro processo de intermediação", informa o órgão.
*Estagiária