O prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), destacou - em entrevista ao CadaMinuto - que o PSDB aguarda o tempo do deputado estadual Rodrigo Cunha (PSDB) para decidir se vai ou não concorrer ao Executivo estadual em oposição ao atual governador Renan Filho (MDB).

Palmeira destacou a existência da pressão, mas disse que os tucanos aguardam o tempo de Rodrigo Cunha para que sua decisão seja madura. O problema é que Rui Palmeira - como presidente do ninho tucano em Alagoas -parece desprezar que há um outro relógio no tabuleiro de xadrez que não apenas o roscofe rodriguiano. 

Trata-se do tempo do próprio processo eleitoral. Afinal, de tão maduro um fruto pode despencar do pé e não se tornar mais próprio a ser apresentado. E neste tempo, está o futuro do PSDB, que tem se esfacelado desde que Rui Palmeira anunciou que não era candidato ao governo do Estado de Alagoas.

Não pelo anúncio, mas por Rui Palmeira nunca ter se portado como um protagonista no processo eleitoral.  

De lá pra cá, o PSDB perdeu o protagonismo que tinha de forma natural. A maior prova disso é que o PR do deputado federal Maurício Quintella já tomou seu rumo. Quintella consolidou sua candidatura ao Senado Federal ao lado do senador Renan Calheiros (MDB) e do governador Renan Filho (MDB).

Independente das opiniões que se tenha sobre Quintella, foi uma perda considerável para a oposição, que - muito antes disso - já havia perdido o PDT. Tudo isso é tempo de televisão, capilaridade no processo eleitoral, dentre outros fatores. Quanto mais o PSDB e o que resta da oposição demora, mas o Palácio República dos Palmares - comandado por  Renan FIlho - é hegemônico no processo e coloca em risco até as candidaturas proporcionais da oposição.

É a razão pela qual o PSDB até pode querer esperar por Cunha, mas jamais os demais partidos esperarão. PROS e PP - do senador Benedito de Lira - estão em diálogo constante e articulam as proporcionais independente de quem vai estar na cabeça de um grupo, se é que terá cabeça. O Democratas vai ficando isolado com um único nome em jogo: o presidente da legenda e ex-secretário municipal José Thomaz Nonô. 

A "frieza" do PSDB de deixar tudo para os 45 minutos do segundo tempo rendeu o que rendeu nas eleições de 2014, por exemplo, quando o ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) deixou o Palácio República dos Palmares sem conseguir costurar uma candidatura eficaz. 

O homem que comandou o Estado durante oito anos se viu sem grupo ao final do mandato. Em 2016, o PSDB conseguiu vitórias importantes - Maceió e Arapiraca - mas acabou jogando isso pela janela, por conta dos relógios que cada tucano usa. 

Na Assembleia Legislativa, a bancada tucana se reduziu de 2014 para cá. O PSDB só perde espaços e forças em Alagoas. Tanto que Rodrigo Cunha não é cotado por ser tucano, mas por ser o único nome de expressividade, o que independe do partido. 

No mais, o próprio Cunha já colocou condições na mesa para ser candidato ao Executivo. Em entrevista à Tribuna Independente, disse que depende muito de quem vai estar ao seu lado no palanque. Sobre isso, Rui Palmeira nada tem a falar? 

Se Cunha já sabe o que pensa é porque suas convicções estão maduras e não vai trocar a eleição de deputado federal por um projeto aventureiro para dar suporte a outros nomes. As entrelinhas da entrevista de Rodrigo Cunha são claras.

Rui Palmeira, que tinha a obrigação de ser um articulador por ser presidente do PSDB, se revela um coveiro do partido. Não por ter deixado de ser candidato, mas por ser uma esfinge que só perde apoios e ninguém - nem os aliados - sabe exatamente o que ele pensa. O que resta então aos aliados que possuem as suas próprias vidas para definirem? Cada um por si, já que o PSDB parece ser contra todos. 

Sendo assim, o que está em jogo agora é como viabilizar candidaturas - na oposição - à Assembleia Legislativa e à Câmara de Deputados, além - evidentemente - da candidatura de Bnedito de Lira ao Senado Federal. Quanto ao comando do PSDB em Alagoas, resta colocar o iPod para funcionar ao som de Gilberto Gil: "Tá esperando na janela, ai, ai, ai...". 

Estou no twitter: @lulavilar