O PSL do presidenciável e deputado federal Jair Bolsonaro apostou no completo isolamento em Alagoas. A sigla, lá atrás, quando presidida por Henrique Arruda, buscou caminhos de diálogos com outros partidos, com o PSB do deputado federal João Henrique Caldas, o JHC, e o PROS do deputado estadual Bruno Toledo.

A ideia – anteriormente – era formar uma frente que desse até sustentação a candidatura do procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça, que acabou desistindo de participar do pleito, após várias discussões também com outros partidos. De lá para cá, Henrique Arruda – um dos responsáveis por formar o Livres em Alagoas – acabou deixando o PSL e ingressando no PROS.

Os que ficaram no PSL, hoje conduzido pelo policial federal Flávio Moreno, passaram a apostar no isolamento. A ideia é apostar todas as fichas na associação entre os candidatos locais e o presidenciável Jair Bolsonaro, diante da capilaridade eleitoral que este ganhou. Em outras palavras: a busca por uma transferência de votos que atraia para si os apoiadores de Bolsonaro no Estado.

Alguma transferência há de existir, evidentemente. O quanto? Aí só se saberá com as urnas...

O problema é que o PSL luta contra o tempo, já que os pré-candidatos estaduais são outsiders e desconhecidos da população. Entre os principais nomes, o único que já disputou uma eleição é Josan Leite. Ele foi candidato a vereador pelo PSL em 2016, quando Bolsonaro ainda não fazia parte da legenda.

Agora, Josan Leite é o nome posto para disputar o governo do Estado de Alagoas. É um bom nome, diga-se de passagem.

Outra dificuldade será o tempo de televisão para explanar as propostas. Flávio Moreno e Josan Leite estão apostando nas redes sociais. O resultado a ser alcançado? É imprevisível. Mas, do outro lado, está uma máquina gigantesca que opera no modo mais tradicional da política alagoana, com alianças com deputados, prefeitos, vereadores etc.

Torna-se um partido que fala para um nicho é um problema em uma eleição majoritária, pois por mais que se tenha uma militância – e do outro lado da moeda, o próprio PT é exemplo disso – ela não simboliza vitória. O PT para chegar à presidência e eleger seus candidatos teve que ir para além da sua militância mais fiel, ao longo da recente História da política do Brasil.

Todavia, o PSL promete surpresas na forma de fazer campanha e acredita que pode colher resultados tanto na majoritária quanto nas proporcionais. A luta não é fácil. Será Davi versus Golias. E isto nada tem a ver com ideologias, mas sim com estruturas para as campanhas. Afinal, há o mundo real.

Josan Leite é um bom nome no pleito. Sem radicalismo, dialoga com diversos setores e se apoia em ideias mais liberais. Nada pesa contra ele e, em uma campanha para vereador, ao se levar em consideração que era a primeira vez que lançava seu nome, conseguiu até um bom resultado. Numa campanha modesta, ultrapassou a barreira dos dois mil votos.

Entretanto, um bom começo para o PSL era colocar o pé mais no chão. O discurso excessivamente aguerrido que Moreno tem adotado pode virar contra ele. Prudência, cautela e temperança são valores do conservadorismo filosófico que um candidato de víeis mais conservador não pode desprezar.

A “solidão” do PSL tem vantagens e desvantagens na montagem de um discurso. Estará sem amarras para criticar o atual governo e apontar alternativas. Porém, terá mais dificuldade para levar o discurso adiante no mundo real, que dependem de engrenagens do processo político que, infelizmente, não podem ser desprezadas.

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