Durante o mês de comemoração do dia Internacional da Pessoa com Síndrome de Down, celebrado no dia 21 de março, infelizmente o preconceito roubou a atenção de todos. A deputada Rosinha da Adefal (Avante/AL) disse que os livros distribuídos pelo Ministério da Educação (MEC) com frases preconceituosas contra pessoas com síndrome de Down é algo que precisa ser revisto pelo governo federal e que os livros precisam ser recolhidos imediatamente.
Rosinha mostrou-se preocupada com o livro de ciências “Ciência Novo Pensar – O Corpo Humano”, da Editora FTD, distribuídos pelo MEC para os alunos do 8º ano do Ensino Fundamental. Ela explica que logo no primeiro parágrafo o livro didático informa que a síndrome de Down ‘é responsável por 15% dos portadores de atraso mental que frequentam instituições próprias para crianças especiais’.
“Não podemos permitir que o preconceito invada as escolas e ensine erroneamente nossas crianças. Os termos usados além de errados, são discriminatórios. Na escola nossas crianças e adolescentes precisam aprender sobre o respeito a diferenças e não o contrário. É preciso ensinar mais sobre a inclusão e menos sobre o preconceito”, afirmou Rosinha da Adefal.
Em outro trecho do livro há a afirmação: que a síndrome de Down "é também chamada de mongolismo, por causa da aparência facial de seus portadores". Para Rosinha, além de absolutamente equivocado, esse trecho viola a dignidade das pessoas com síndrome de Down, pois a expressão adquiriu uso discriminatório e excludente, em torno da ideia de uniformização de uma comunidade, o que viola o reconhecimento da sua diversidade. “Há muito tempo as expressões que identificam a condição genética das pessoas com síndrome de Down são Trissomia do cromossomo 21, Trissomia do 21 ou mesmo T21”, relatou a parlamentar alagoana.
Para Rosinha o mês de março não foi só de comemoração e de celebração pela vida e de busca pelo respeito, “também foi um mês de militância, de reafirmar conquistas, de marcar a luta contra o retrocesso de direitos e contra o preconceito. Mostramos que estamos atentos, que vamos lutar e que não aceitaremos nenhum direito a menos. Precisamos garantir que as pessoas com síndrome de Down possam continuar ganhando espaço, reconhecimento, autonomia e cidadania”, disse.
Legislação avançada x preconceito
O Brasil tem uma legislação avançada, reconhecido mundialmente por leis em defesa da pessoa com deficiência. Para a deputada Rosinha, apesar do Brasil ter avançado muito com a Lei Brasileira da Inclusão (LBI), ainda é preciso combater o preconceito enraizado na sociedade. “É inadmissível o uso de expressões que tendem para a exclusão e são pejorativas, como "atraso mental", “portadores", "crianças excepcionais". Expressões igualmente equivocadas e contrárias ao disposto na atual legislação. Precisamos combater o preconceito e é inadmissível que livros distribuídos pelo governo incentivem tanto o preconceito quanto nomenclaturas que menosprezem uma parcela de cidadãos brasileiros”, afirmou .
“Lamento profundamente que nos dias de hoje, editoras que há anos estão levando suas obras literárias para as escolas do Brasil, estão a serviço do preconceito, da discriminação, da segregação e da exclusão. O respeito à dignidade da pessoa com deficiência é necessário em todas as áreas, somente assim alcançaremos a verdadeira inclusão”, disse Rosinha.
O combate ao preconceito, a melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência, o respeito as diferenças e a luta pela dignidade da pessoa com deficiência tem sido assuntos recorrentes nas falas da deputada alagoana Rosinha da Adefal, não só no plenário da Câmara, mas em todos os eventos e em todas as reuniões que ela participa.
"Nós pessoas com deficiência somos capazes, temos nossas limitações físicas sim, mas podemos, e queremos, o nosso lugar na sociedade, em todas as áreas. E, principalmente, é preciso que toda a sociedade respeite o outro, independente da sua deficiência, pois todos nós somos cidadãos e como tal exigimos nossa participação na sociedade”, finalizou Rosinha.