As recentes declarações do prefeito Rui Palmeira (PSDB) podem até ser sincera do ponto vista pessoal, mas não se traduzem na prática.

Repito o que já disse: Rui Palmeira tem todo o direito de não querer ser candidato e focar no comando Prefeitura de Maceió, cargo para o qual foi eleito. Não foi esse seu erro.

Seu erro foi ter assumido para si – ao e tornar presidente estadual do PSDB – o papel de articulador de uma oposição e a partir daí dar passos nos bastidores no sentido de construir uma candidatura, silenciar diante dos holofotes e depois afirmar que não é candidato, pegando todo mundo de surpresa e desarticulando o grupo.

Para isso, houve um preço. O primeiro a ser pago foi a ida do ministro dos Transportes, Maurício Quintella Lessa (PR) – que seria um nome para disputar o Senado Federal pela oposição – para o lado do MDB do senador Renan Calheiros e de Renan Filho.

Quintella fez a travessia com a consciência de que manteria espaços políticos tanto na gestão estadual de Renan Filho quanto na de Rui Palmeira. Logo, além de ser uma perda para o grupo de oposição mostra o enfraquecimento desta ao quadrado, já que se torna uma ponte entre os dois grupos. O poder não deixa vácuo.

O ministro já deu até declaração pública de uma busca de entendimento entre os grupos por meio das administrações estadual e municipal e suas “relações institucionais”.

O mesmo pode ocorrer com um fiel escudeiro de Rui Palmeira: Abraão Moura, que – conforme bastidores – já circula pelo Palácio República dos Palmares trabalhando a eleição da filha: Cibele Moura.

Rui Palmeira – querendo ou não (ele afirma que é o que não quer, pois se diz oposição) – foi de presidente do PSDB a coveiro dos tucanos no processo eleitoral. O dirigente Claudionor Araújo, em entrelinhas, cantou essa bola ao falar de “ostracismo”. Araújo agora pode até dizer que foi mal compreendido. Pouco importa. Para bom entendedor, meia palavra basta...

Se não é assim, que saia das declarações genéricas que lhe são costumeiras e aponte efetivamente qual nome tucano, além dele e do deputado estadual Rodrigo Cunha, que tem alguma condição de disputar o governo ou o Senado Federal. Vale lembrar que o ex-governador Teotonio Vilela Filho é carta fora do baralho.

Quanto a Rodrigo Cunha, ele não depende do PSDB. Tem vida própria em função de sua trajetória na Assembleia Legislativa e seus planos não passam por uma majoritária. O deputado federal Pedro Vilela (PSDB) – que seria outra liderança da legenda – sabe muito bem qual é o seu tamanho nesse processo eleitoral. Ou não?

Rui Palmeira abriu mão de ser articulador da oposição. E isto é consequência. Sendo assim, pouco importa se o prefeito agora é oposição ao senador Renan Calheiros ou não. Sua influência no pleito cada vez mais se aproxima de zero. Ou o PP do senador Benedito de Lira e do deputado federal Arthur Lira já não corre por fora, inclusive buscando eles (e não o prefeito) o diálogo com o ministro do Turismo, Marx Beltrão (MDB)? Se desse mato sairá coelho ou não é outra história.

Afinal, Beltrão esteve próximo ao MDB em recentes eventos e pode compor sem sair do lugar onde sempre esteve (ainda que sem estar realmente) em função das circunstâncias.

Rui Palmeira pode, evidentemente, por convicção ser oposição aos Renans, ou ao senador Renan Calheiros apenas que é quem foi citado por ele em entrevista ao CadaMinuto. Mas qual o efeito prático disso agora? Quem são os candidatos de Rui? Nem ele sabe! Que peso terá o seu apoio ou seu papel de articulador? É por isso que se lamenta a decisão de Rui Palmeira para o processo democrático e não por ele, Rui Palmeira, em si.

Chega a ser engraçado afirmar que o PSDB voltou a reforçar a oposição do partido em relação ao grupo comandado pelo senador Renan Calheiros. Reforçou como? Desarticulando tudo e permitindo que ex-aliados fechem alianças com o Palácio sem perder espaços na Prefeitura? Belo reforço, hein?! Rui Palmeira não esclarece mais dúvida alguma. Agora só fala por si mesmo.

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