Diante dos últimos casos de repercussão que vimos nesse país, vidas sendo ceifadas, entre elas vereadores mortos, policiais, trabalhadores, negros, brancos, mulheres, homens, enfim...ninguém escapa de ser uma potencial vítima...há uma pergunta a se fazer: até quando vamos continuar brincando com segurança pública, tratando um tema sério com ideologizações, politicagens e interesses confusos?
A pergunta que faço é pelos dados divulgados no dia de hoje, como consta no site G1, que apontam um Brasil que teve, no ano de 2017, 59.103 vítimas assassinadas. Isto corresponde a um homicídio a cada 9 minutos. É algo gravíssimo.
Somos todos vítimas, desarmadas, desprotegidas, num quadro de segurança pública falida, onde ousadia dos criminosos só aumenta, haja vista os últimos crimes de repercussão que foram cometidos sabendo previamente da repercussão que teriam, como no caso da vereadora do PSOL do Rio de Janeiro.
Os bandidos nesse país não temem mais nada e somos cordeirinhos. E algumas autoridades só acordam quando eles são o alvos. É o que aconteceu com o PSOL, que diante do brutal assassinado e injustiça contra uma de suas políticas, quer que o Estado forneça segurança para seus candidatos. O PSOL vive o que já sabemos: estamos todos na alça de mira da criminalidade, que mata por qualquer motivo, por qualquer trocado e ainda encontra as desculpas mais estapafúrdias para justificar a crueldade, como o famoso bordão: “a vítima sabe que não pode reagir!”.
Neste número absurdo – 59.103, repito – estão casos de homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, que são os que compõem o quadro dos crimes violentos letais e intencionais. Banalizamos a vida, relativizamos valores e não temos nem ações preventivas e ainda demonizamos as onstensivas, por meio de discursos ideológios, que colocam as forças policiais como inimigas. Há maus policiais? Sim. Mas esses são bandidos.
A grande maioria é de bons quadros que estão sendo mandados para uma guerra com a missão árdua e ingrata de enxugar gelo. Homens que colocam suas vidas em risco e ainda há quem apareça para condenar uma reação diante de uma bandidagem cada vez mais ousada e mais armada. Precisamos definir claramente o mal e o bem. Precisamos ter a noção do Brasil que queremos.
O número de 2017 representa um aumento de 2,7% na criminalidade. Em 2016, foram 57 mil assassinatos. Desde 2011 que esse número só cresce. O malfadado Estatuto do Desarmamento, vendido como a solução de tudo, no início dos anos 2000, se revelou uma fraude, um discurso demagógico, apoiado por víeis ideológico, que só fez desarmar o cidadão de bem, mas não o bandido.
E há quem relativize a classificação “cidadão de bem”. Ora, estamos falando daquele sujeito ordeiro, que busca seguir a lei, que cumpre suas obrigações e quer o direito à legítima defesa diante do caos instalado, para proteger a si, sua família e sua propriedade. Um cidadão desses pode se envolver em um ato de crime? Sim. Mas estatisticamente, como mostram estudos de Bene Barbosa e Fabrício Rebelo, é mínimo.
Ainda sobre 2017, esse número de 59 mil pode subir. É que os dados não estão todos contabilizados. Faltam Minas Gerais e Tocantins, por exemplo.
Então repetindo (com os dados do G1):
- O Brasil teve 59.103 pessoas assassinadas no ano passado;
- A taxa de mortes a cada 100 mil habitantes subiu e está em 28,5;
- O número de homicídios e de lesões corporais seguidas de morte aumentouo;
- O Ceará é o estado que teve o maior crescimento de mortes tanto em número absoluto (1.677 mortes a mais em um ano) como percentualmente (48,5%) e
- O Rio Grande do Norte é o que tem a maior taxa de mortes: 64 a cada 100 mil
O nosso Estado de Alagoas, meus caros ouvintes, é o 4º mais violento. Nossa taxa é de 52,6 assassinatos por 100 mil habitantes. É quase o dobro da média nacional. Somos o Estado que mais desarmou a população. Somos o exemplo da falácia do Estatuto do Desarmamento.
É claro que não é apenas a revogação do Estatuto que resolve. Revogar não é armar a população, como vendem por aí. Quem tiver dúvidas que leia o projeto de lei do deputado federal Rogério Peninha. Revogar é estabelecer critérios objetivos para a posse de arma; critérios estes que envolvem maioridade, psicotécnico, psicológico, perícia, não ter antecedentes etc. O projeto de lei é bom e precisa ser discutido em detalhes e não por meio de slogans e chavões.
O admite-se, evidentemente, o contraditório, mas não a criação de um espantalho. Agora, é claro que além dessa medida precisamos de outras, que incluem políticas preventivas sérias. Se continuarmos nessa caminhada, fecharemos a década como um dos países mais perigosos do mundo e isto sem guerra civil, em tempos de paz e ainda fingindo que temos uma democracia sadia. Não, não mais a temos.
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