A oposição em Alagoas - se é que se pode chamar assim algo que se desintegra sem referência ou norte - anda mais perdida que cego em tiroteio. Nunca foi uma oposição ideológica, de conteúdo ou convicção (com exceção de alguns nomes do grupo)...é bom lembrar disso...

No que deveria ser uma semana decisiva, PP, PR, Democratas, PROS e PSDB não mais conseguem se recompor em um bloco e o problema vital, diante da desistência do prefeito Rui Palmeira em disputar o governo do Estado, passa a ser as coligações proporcionais de parlamentares que antes tinham uma certa folga no processo eleitoral. 

Cito como exemplo o PP do senador Benedito de Lira. Lira vai para o eleição majoritária. Depende de ter mais voto ou não que o adversário. Porém, seu filho - o deputado federal Arthur Lira (PP) - que se preparava para ser um parlamentar bem votado e estar entre os primeiros de um bloco, sem grupo ao seu redor precisará atingir o coeficiente eleitoral praticamente sozinho. Fica mais difícil. 

O mesmo ocorre com Pedro Vilela (PSDB), que também busca à reeleição. E até mesmo o deputado estadual Rodrigo Cunha (PSDB), que mira na Câmara de Deputados. Apesar de Cunha ter uma capilaridade impressionante em função de sua atuação parlamentar, a estrada para a Câmara passa também a ser mais perigosa. É a matemática. 

Estes exemplos se repetem quando se fala das coligações para estaduais. 

Do lado dos partidos que formavam um bloco de oposição, estão deputados estaduais de peso como Edval Gaia (PSDB), Gilvan Barros (PSDB), Chico Holanda (PP), Bruno Toledo (PROS). E todos querem voltar a Assembleia Legislativa. Todos possuem votos para disputar dentro de uma chapa, mas não para se elegerem sozinho.

É por isso que, ao colocar a situação na ponta da caneta, o ministro dos Transportes, Maurício Quintella Lessa (PR), que era poderoso no grupo oposição e um virtual candidato ao Senado Federal, foi o primeiro a debandar e conversar com o governador Renan Filho (MDB) e o senador Renan Calheiros (MDB). É uma questão de sobrevivência. 

Quintella teve reduzir as expectativas e agora passa a mirar em renovar o seu mandato de deputado federal com o auxílio do Palácio República dos Palmares. E mantém o silêncio diante dos holofotes da imprensa. Afinal, teria muito o que explicar. 

A fila de pessoas contrariadas, e até com raiva do prefeito Rui Palmeira, é grande. A oposição esperava ter em mãos um plano B rapidamente. Convocou uma reunião para o fim de semana, mas nem isso conseguiu. Estão todos perdidos. Perdidos na Selva? Perdidos no Espaço? Perdidos no Tempo? O leitor escolhe...

O PROS do deputado estadual Bruno Toledo busca alternativas na terceira via. Ele tem conversando com o deputado federal João Henrique Caldas, o JHC (PSB). Por lá, as portas estão abertas para o procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça, que concorreria ao Senado Federal. 

Para o governo do Estado, caso se monte esse bloco, o PROS poderia oferecer nome. Um dos cotados é o ex-delegado da Polícia Federal, José Pinto de Luna. Lembram dele? O homem da Operação Taturana. Esse grupo poderia ainda contar com o ex-presidente da Ordem dos Advogados de Alagoas, Omar Coêlho. E aí, nessa aliança, viriam os cálculos proporcionais. 

Todavia, não é apenas na ex-oposição que há dificuldades de cálculos. No Palácio República dos Palmares também. Afinal, são muitos pesos pesados debaixo do mesmo guarda-chuva. O que faz com que surja a possibilidade de pequenas chapas entre os partidos aliados do MDB para garantir as suas vagas. 

Por lá, pode ter deputado estadual que venha a perder a eleição com 20 mil votos. Acomodar interesses e satisfazer tantos aliados será a tarefa árdua do governador Renan Filho (MDB) e do deputado federal Ronaldo Lessa (PDT), caso seu papel de coordenador de campanha não seja mera figuração. Lessa tem experiência em eleições seja com vitórias ou com derrotas. 

Em todo caso, Renan Filho age corretamente diante dos acontecimentos. Sabe que os apoios virão por gravidade e pressiona os mais resistentes diante do poder que concentra em mãos, sobretudo quando encontra prefeitos do interior do Estado, que são base de apoio para a eleição de muitos deputados. 

Diante dos holofotes da imprensa, Renan Filho não fala em eleição, mas em trabalho. Nos últimos dias, ao lado do pai Renan Calheiros, manteve um ritmo intenso. Ambos não perderam nem festa de boneca. Pousaram para foto até em ações em escolas da rede estadual do interior. 

O governo quer se mostrar presente e não trata como W.O. Está corretíssimo na estratégia. 

Alguns poderiam ainda perguntar: e nesse jogo onde fica o PT, PSOL e outros partidos de esquerda? O PT volta a ser um puxadinho e sua preocupação é com proporcionais. O PSOL deve ter sua chapa como sempre teve e ter os resultados que sempre teve...nada de novo no front. O Rede, que também está fora desse jogo, tem Heloísa Helena e Heloísa Helena. Uma aposta para a Câmara de Deputados, mas que também enfrenta as condições da matemática eleitoreira. 

O PSL - partido do presidenciável Jair Bolsonaro - até tinha diálogos para montar uma frente, mas hoje marcha sozinho diante dos planos mirabolantes do agente da Polícia Federal, Flávio Moreno. Ele acha que o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas vai produzir mini-bolsonaros por aí...

Em outras palavras, o único espaço de onde poderia surgir um nome que polarizasse as eleições já não existe. Todavia, mesmo sem um nome que polarize é um espaço que precisa existir. Não mais para tentar eleger um governador, mas para salvar deputados estaduais e federais da guilhotina do coeficiente eleitoral. 

Enquanto isso, Renan Filho - sentado na cadeira do Palácio República do Palmares - confia não mais em um político, mas em um cientista: Newton. Pois, muitos apoios podem chegar por gravidade. Podem perder o discurso de oposição, mas podem ganhar a eleição. 

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