Em Alagoas, eis que entramos em uma semana decisiva para o processo eleitoral desse ano. De um lado, o Palácio República dos Palmares – com o governador Renan Filho (MDB) e seus aliados – busca consolidar uma eleição fácil para o chefe do Executivo, já que não há nome da oposição que possa rivalizar com o MDB.

A eleição “mais fácil” para Renan Filho faz com que se tenha maior atenção na resolução de outros pontos, como priorizar a candidatura do senador Renan Calheiros (MDB) ao Senado Federal, acomodar o ministro do Turismo, Marx Beltrão (MDB), que acaba ficando sem alternativa já que não existe outro bloco. Além disso, sem pressa, definir o vice para Renan Filho.

Se antes, com uma oposição liderada pelo prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), a escolha do “vice” poderia ser algo de vital importância para uma disputa; hoje é apenas uma consolidação de grupo, que reúne diversos partidos.

Em outras palavras, Renan Filho tem hoje a “faca e o queijo na mão”. Não há adversário no radar, possui uma ampla base de partidos ao redor de si mesmo e outros podem chegar. Isto garante ao governador maior tempo de televisão. Vale ressaltar ainda que, do jeito que o cenário se encontra hoje, a eleição ainda fica mais barata para o chefe do Executivo.

Quem também vai deixando de ter dificuldades é o todo poderoso e rival do presidente Michel Temer (MDB), Renan Calheiros. Um de seus “rivais” – o ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) – já havia pulado fora do processo eleitoral.

Como são duas vagas, isso ajuda a aumentar e muito as chances de reeleição de Calheiros que terá pela frente apenas o senador Benedito de Lira (PP) e, caso essas se consolidem, as candidaturas de Marx Beltrão e do procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça.

Do lado do que seria uma oposição, as ruínas de um cenário onde alguns nomes ainda tentam tirar um coelho da cartola. Sem Rui Palmeira, como já sabemos, o bloco formado por PP, PR, PSDB, Democratas e PROS não tem uma “cabeça de chapa”. E isso é vital para articular qualquer até as eleições proporcionais, para deputado estadual ou federal. É a matemática eleitoreira, e consequentemente da sobrevivência, que entra em jogo.

Alguns vereadores por Maceió, por exemplo, devem desistir de candidaturas. O ministro Mauricio Quintella Lessa (PR) já dá sinais que deve pular do barco e entra no bloco de Renan Filho. Sobrará quem? Vale lembrar que essa nunca foi uma oposição tão ativa e combativa. Não por acaso, desse grupo, apenas dois nomes tinham discursos que de fato incomodavam o governo: os deputados estaduais Bruno Toledo (PROS) e Rodrigo Cunha (PSDB). O primeiro busca se reeleger. O segundo deve sair para deputado federal.

Não há nomes na oposição para uma majoritária ao Executivo estadual. O tempo é curto para construir uma candidatura.

Se é bom para Renan Filho, é ruim para a democracia. O cenário não é culpa do governador, nem significa que a oposição que se teria era de fato um projeto diferenciado. Há muito Alagoas não vê diferenças significativas entre projetos de governo, que realmente discutam Estado etc. O que temos são brigas políticas entre nomes e partidos que se arrumam conforme as circunstâncias e a matemática eleitoral.

De toda forma, sem no mínimo uma bipolarização, a democracia fica enfraquecida por não existir nada como possibilidade de escolhas. No mais, tanto a Prefeitura de Maceió, quanto o governo do Estado são administrações razoáveis, com alguns pontos positivos, mas problemas sérios. Cito, no caso do governo, a boa gestão fiscal, os avanços na segurança pública, mas as falhas gigantescas na Saúde.

Por fim, o PSDB de Alagoas é que corre o risco de sair do mapa. Sem lideranças renovadas – apenas Rodrigo Cunha é o único nome que desponta – pode cair em um ostracismo num próximo futuro político. Para um partido que já comandou Alagoas e comanda a Prefeitura de Maceió e Arapiraca; para uma legenda que impôs derrotas ao MDB em 2016; enfim...é a prova viva de que tudo pode se transformar em pó.

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