Eu não estou nem aí para questiúnculas pessoais que envolvam os vereadores Silvânio Barbosa e Siderlane Mendonça. Se na surdina de um apartamento, se em praça pública, se em um shopping da capital ou em qualquer outro lugar, o que é de suas vidas pessoais pertencem a eles. Se as especulações são mentiras ou verdades, também pouco me importam, pois não diz respeito a vida de ninguém...
Todavia, existem as quatro paredes de uma Câmara Municipal de Maceió, onde a quarta parede é quebrada para que o eleitor observe o comportamento dos eleitos; e há as quatro paredes que não dizem respeito a nenhum de nós. Ponto final.
E é sobre o que eles protagonizaram na Câmara de Maceió, ao “lavar roupa suja” da forma como fizeram, que rebaixa o poder legislativo municipal ainda mais.
Digo ainda mais porque são vários os casos onde, por meio de projetos de lei esdrúxulos, os vereadores parecem ter a certeza de que são babás do povo ou assumem de vez o caráter populista de suas propostas tentando fazer cortesia com o chapéu alheio, como quem já quis disponibilizar ônibus de empresa privada para funeral, quis regular estacionamento de shopping center, dentre outras bobagens.
Agora, a mesquinharia de ontem deveria ter tido o repúdio imediato do presidente da Casa de Mário Guimarães, Kelmann Vieira (PSDB). Mas, a Mesa Diretora preferiu deixar a baixaria correr solta a pretexto dos dois senhores - Silvânio Barbosa e Siderlane Mendonça -estarem usando a tribuna.
A tribuna deveria ser um espaço nobre para se discutir os problemas da cidade e não para se colocar combustível na pira das vaidades para saber quem fez mais ou menos pelo Benedito Bentes.
Isso é o eleitor que julga e é até legítimo que o vereador use a tribuna para prestar contas do que fez, mas dentro do limite do prudente e sem quebra de decoro.
Num parlamento-mirim sério, a atitude de Barbosa e Mendonça deveria ser alvo de uma Comissão de Ética. Será? Aposto que não. Até aqui a Câmara Municipal - em especial a Mesa Diretora - se encontra em silêncio.
Mendonça foi deselegante - para dizer o mínimo - ao mandar o colega vereador para um circo. Por mais que ele ache isso e ainda que seja verdade o que fala sobre Barbosa, não é desta forma que se utiliza uma tribuna. O vereador em questão fez questão de se rebaixar, motivando uma discussão triste, que apesar dos aspectos cômicos que rendem piadas, tem muito de trágico.
Silvânio Barbosa não ficou atrás em matéria de produzir o dantesco. Foi lavar roupa suja em plenário, tentando desqualificar o rival como hipócrita em função de aspectos de sua vida íntima.
Uma vez atacado, Barbosa tinha todo o direito de se defender, mas dentro dos limites da crítica e até de forma proporcional já que a palavra “circo” foi usada. Porém, desviou de argumentos para propositadamente causar desconforto, humilhar e expor o outro vereador ao ridículo. Por mais que tenha agido pelos componentes derivados da emoção, fez de caso pensado.
Ali, o que se viu, foram dois tolos que se fizeram indignos da população que dizem representar. Pois, a grande maioria das pessoas do Benedito Bentes trabalha honestamente para superar diversas circunstâncias, entre elas a de ser um região com comunidades muitas vezes esquecida pelo poder público. Não devem possuir nem tempo nem paciência para determinados enredos de novelas do pior canal televisivo.
Sendo assim, ter dois vereadores no parlamento-mirim é de suma importância para ajudar a comunidade. Mas, o que esta lucra com tais brigas? Nada.
Agora, Barbosa e Siderlane não podem fingir que o episódio não existiu. Devem desculpas - no mínimo - a cada maceioense. Assim como o presidente da Casa deveria comentar o repulsivo acontecimento e buscar apaziguar, pois isso - se tomar outras proporções - pode atrapalhar o colegiado. Mecanismos legais para isso a Câmara possui. Resta saber se há a vontade de utilizá-los, pois há a interpretação cabível da quebra de decoro.
No mais, fica a lição sobre aqueles que elegemos. É claro que não é um episódio isolado que deve ser utilizado para julgar o todo do mandato desses vereadores. Porém, por vezes, um ato consumado pode ser o início do fim, caso reflexões sobre este não sejam feitas.
O legislativo deveria ser um espaço nobre e por isso sempre defendido. É um poder importantíssimo para a democracia em função das prerrogativas que possui. No caso das câmaras legislativas municipais é justamente o “parlamento” mais próximo ao povo.
É a Câmara de Maceió, ora bolas! Não é uma feira livre, muito menos o programa Casos de Família, onde a baixaria corre solta, sendo os personagens principais entregues aos leões da fofoca e do burburinho.
Não vimos ontem dois vereadores, mais sim dois moleques que não entendem a importância desse legislativo, que nem sequer fingem entender. A tribuna não pertence a eles e por isso há regras. Se se comportam como moleques, como moleques devem ser tratados e por isso cabe o puxão de orelha, quiça colocar de costas para a parede para pensarem no feito.
Afinal, é assim que se trata os infantis. Afinal, como diz Aristóteles, eduquem as crianças. Porém, como educar adultos que tem rompantes de menininhos que brigam no recreio expondo com malícia disfarçada o que consideram humilhar o outro?
Mesmo não se envolvendo na briga, qualquer vereador que se preze deve ter saído enojado da Câmara de Maceió no dia de ontem. Como telespectador foi assim que me senti, ainda que tenha garantido alguns risos e piadas. É o tipo de cena que só se acredita vendo...
Não quero crer que este seja o comportamento integral de ambos. Que tenha sido apenas um episódio singular. Por isso a crítica dura aqui nesse espaço...
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