O grupo tido como oposição ao governador Renan Filho (MDB) para disputar governo do Estado de Alagoas pode acabar se esfacelando, para alegria do próprio Renan Filho e do senador Renan Calheiros (MDB), caso o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), desista da possibilidade de ser candidato ao Executivo estadual.
Há alguns dias, todos davam a decisão de Palmeira como certa: ele iria para a disputa. Mas, o silêncio e a cautela demasiada de Rui Palmeira, começa a gerar desconfianças entre os vários caciques do grupo, incluindo o ministro dos Transportes, Maurício Quintella (PR) e o senador Benedito de Lira (PP).
O próprio PSDB tenta impulsionar Rui Palmeira a uma candidatura, mas já deixando claro um “tom de desespero”, como ocorreu na mais recente fala do tucano Claudionor Araújo, em suas redes sociais. Mesmo sendo, por parte de Araújo, uma opinião pessoal, não deixa de ser um sentimento compartilhado por tucanos que queriam ver Palmeira na disputa.
A questão central é que a oposição apostou demais em Rui Palmeira e agora não tem outro nome a ser construído em tão pouco tempo. As preocupações se fazem por vários motivos: 1) uma chapa para disputar o Senado Federal precisa de “cabeça”; 2) isso também envolve a vida de outras agremiações, já que há a questão de votos de legenda e coeficiente eleitoral; 3) as pesquisas eleitorais indicam Rui Palmeira como a única alternativa viável em uma campanha polarizada.
Por isso que, dentro do grupo de Palmeira, já há partidos que discutem vias alternativas, como o PROS que tem conversado com o PSB. Este um fato confirmado. Sem confirmação ainda, mas já se fala de um possível diálogo entre Mauricio Quintella Lessa e o governo. O próprio ministro do Turismo, Marx Beltrão, que em passado recente cogitou a saída do MDB para estruturar uma candidatura ao Senado, sabe agora que a via mais concreta é o MDB.
Em outras palavras, a indecisão de Rui Palmeira é, atualmente, a maior aliada de Renan Filho. O governador, apesar dos pontos fracos de sua gestão (como a Saúde), tem uma boa avaliação e são poucos os críticos consistentes no Estado.
O papel de oposição de fato vem sido exercido apenas por dois deputados estaduais: Bruno Toledo (PROS) e Rodrigo Cunha (PSDB). Isso é um fato, repito.
Assim como não é segredo que o Palácio República dos Palmares torce para que Rui Palmeira não seja candidato.
Se a saída do ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) do pleito já ajudou a Renan Calheiros, uma desistência de Rui Palmeira de disputar a eleição, ajuda Renan Filho.
Além disso, O PSDB se diminui enquanto legenda e observa o aprofundamento de um possível desgaste no protagonismo, que já teve no passado. Esse vai se esvair para futuros próximos, pois essa eleição terá consequências em 2020 e 2022. Vale lembrar que, em 2016, o PSDB alcançou resultados importantes, mesmo sendo o governo do Estado do MDB. Os tucanos impuseram derrotas ao governador em Maceió e em Arapiraca, por exemplo.
Os velhos caciques tucanos vão caindo no ostracismo e ficando relegados aos bastidores. A única nova liderança de peso nesse ninho que surge é o deputado estadual Rodrigo Cunha, que sonha com a Câmara de Deputados ou com o Senado Federal. No fim, a decisão de Rui Palmeira – obviamente – só pertence a ele, mas as consequências dessa decisão será um saldo político a ser distribuído entre todos que o acompanharam até aqui.
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