O senador Renan Calheiros (MDB/AL) quer alcançar o posto do mais fervoroso lulista de Alagoas, quiçá do país. Obviamente que não pensa apenas em Lula (se é a preocupação é de fato), mas em no que pode também lucrar junto à militância petista que tem sim capilaridade. Afinal, é inegável que Lula ainda tem alguma densidade eleitoral.

Calheiros agora fez um novo vídeo para dizer que se junta ao coro dos que não querem o ex-presidente Lula (PT), condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, na cadeia. O emedebista gravou um vídeo para manifestar seu apoio vermelho à causa petista.

Só um detalhe: a decisão que derrubou o pedido de habeas corpus de Lula se deu porque o Supremo Tribunal Federal, muito antes de Lula ser condenado, decidiu que as penas decretadas em segunda instância já podem ter o cumprimento imediato. Não há nada de pessoal do STJ contra Lula. Mas, não se espante se em breve Renan Calheiros pegar a “vibe” dos senadores petistas e começar a ver o fantasma dos EUA em tudo.  

Para Calheiros, a decisão do STJ pode jogar o Brasil “na mais insana crise institucional”. Se Renan Calheiros não se reeleger senador, pode tentar o stand-up. Afinal, a crise que o Brasil vivencia e se arrasta é decorrência de um estamento burocrático pré-existente que foi aperfeiçoado pelo Partido dos Trabalhadores, aparelhando estatais com ajuda de partidos amigos – entre os quais se inclui o PMDB, agora MDB – para a construção de um projeto de poder com viés claramente ideológico em busca da homogeneidade.

E olhe que nem falamos de BNDES...

É só pesquisar sobre o Foro de São Paulo, senhor senador. Ou então, como aconselha Groucho Marx, não mais acreditar no que dizem, mas sim nos próprios olhos. O PT e Lula pagam o preço por seus erros, com direito a tesoureiros presos, comando de mensalões e petrolões. Se hoje temos o fraco governo de Michel Temer (MDB) no comando do país, é mais uma herança petista.

O máximo que Renan Calheiros fez diante de tudo isso, além de ser parte das alianças políticas com o PT nos últimos anos, conduzir o processo de impeachment mantendo – na reta final – os direitos políticos de Dilma Rousseff (PT), como prêmio de consolação. Isto foi ajudar a rasgar a Constituição Federal tendo o presidente do Supremo Tribunal Federal (na época) ao seu lado: Ricardo Lewandovksi.

O que Calheiros espera? Figurar com seu rosto nas faixas que versam sobre os “guerreiros do povo brasileiro”? O senador do MDB de Alagoas pega a contramão da história e assume um viés ideológico, pois até já disse em passado recente que sempre foi de esquerda.

Mas Calheiros fez mais. Ainda conclamou os presidentes do Congresso (Câmara e Senado) a não serem omissos. Eles farão o que? Ficarão de oposição ao Judiciário – um outro poder constituído – causando, aí sim!, uma crise institucional. Vão zombar da “Justiça burguesa” com aquela inspiração bolchevique que parece conduzir Renan Calheiros nesse momento?

Sinceramente, Renan Calheiros, o Michel Temer não escolheu. Dado ser vice de quem era e ter aceito essa condição, já se colocou como um decorativo encolhido desde o início, em favor do estamento burocrático tão denunciado por Raimundo Faoro muito antes do PT chegar ao poder. Afinal, tão casta sempre existiu. O Partido dos Trabalhadores só usou o “sistema” para aperfeiçoá-lo, contando com a militância orgânica e os preceitos gramsciano.

Parafraseando Renato Russo, Renan Calheiros fala demais por não ter nada a dizer...

Estou no twitter: @lulavilar