Após a inspeção dos Ministérios Públicos Estadual e Federal que constataram que os 26 leitos reinaugurados no começo da semana, na Maternidade-Escola Santa Mônica, não têm condições mínimas para funcionamento, o governador Renan Filho afirmou que “é melhor os leitos funcionando do que fechados”.
Na manhã desta sexta-feira (09), durante a apresentação oficial do programa Ronda no Bairro para a região da parte baixa, Renan disse os 26 leitos já estão funcionando, mas afirmou que quando se visita um hospital dificilmente se tem 100% dos itens como manda a legislação sanitária de saúde pública.
“Era uma vontade do Ministério Público em abrir os leitos, nós abrimos. Agora vamos conversar com eles, ouvir as sugestões e afinar o trabalho para que o Estado junto com os Poderes prestem um bom serviço para a população”, ressaltou o governador.
Renan ainda disse que o reitor da Uncisal, Henrique Costa, é médico e “não tomaria uma decisão de abrir os leitos se tecnicamente não fosse a decisão correta”.
“O Hospital Universitário pensa em fechar leitos e essas pessoas vão pra onde? É melhor que vá para a Santa Mônica que tem equipamentos de ponta, profissionais de ponta e que convocamos 100 concursados para trabalhar no local”, finalizou o chefe do Executivo.
Segundo divulgado pela assessoria de Comunicação do MP, as representantes dos Ministérios Públicos, promotora de justiça Micheline Tenório e procuradora da república Roberta Bomfim, percorreram as instalações, constatando que o Estado abriu os leitos como foi requerido na ação civil pública proposta em conjunto pelas instituições, porém, eles não podem ser utilizados devido à falta de equipamentos, insumos, medicamentos e de pessoal na Maternidade.
Micheline Tenório e Roberta Bonfim farão um relatório sobre a inspeção e encaminharão o documento à Vara da Justiça Federal em Alagoas. “Os Ministérios Públicos estudarão, agora, quais novas medidas serão adotadas, podendo, inclusive, pedir novo bloqueio de recursos na conta do Estado”, explicou a promotora.
Os leitos foram reinaugurados depois de uma decisão judicial que atendeu aos pedidos formulados em uma ação civil pública ajuizada pelos Ministérios Públicos.
Vistoria
Após visitarem a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e a Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal (UCIMCO), as representantes frisaram a ausência de recursos humanos com capacitação para atendimento neonatal, já que os servidores contratados também ainda não foram devidamente capacitados.
“Anunciar a abertura de leitos sem que esses espaços possam ser ocupados é uma grande irresponsabilidade. O corpo técnico da maternidade admitiu que faltam vários medicamentos, insumos, equipamentos e também servidores. Não adianta existirem apenas as incubadoras. É preciso que elas estejam com os aparelhos necessários ao seu funcionamento, assim como são imprescindíveis as luvas, máscaras, algodão, gases e álcool para que os profissionais façam os devidos procedimentos nas crianças. Sem falar na nutrição parenteral, que costuma faltar com frequência, e a carência de servidores para cuidar dos bebês”, detalhou Micheline Tenório, da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública.
Segundo os funcionários que recepcionaram os MPs, especialmente a falta de medicamentos e insumos é o principal problema da Santa Mônica e isso ocorre semanalmente. “Precisamos de swabb (espécie de cotonete utilizado para obtenção da amostra para análise) para coletar secreções e descobrir se o recém-nascido está com alguma infecção. A mesma coisa acontece com o abocath, acessório utilizado para realizar punções venosas. Esses, por exemplo, são dois itens que costumam faltar com frequência”, disse uma enfermeira.
Outras servidoras reclamaram da ausência de computadores e de um sistema eletrônico que possa agilizar os atendimentos. “Por incrível que pareça, aqui só tem um computador para fazer esse tipo de serviço”, revelou outra funcionária.
*Colaboradora