Na Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, para a sessão de retomada das atividades da Casa de Tavares Bastos, o governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), foi sucinto ao dizer que não está preocupado com a “agenda eleitoral” deste ano. 

De acordo com ele, o foco é a “agenda do crescimento e dos esforços no sentido de fazer Alagoas mais forte”. Não duvido de que esta também seja uma preocupação do chefe do Executivo estadual (como tem que ser), mas é uma falácia dizer que não preocupação com eleição dentro do Palácio República dos Palmares. 

Renan Filho - assim como faz o prefeito Rui Palmeira (PSDB) - adota discursos amenos quando está diante dos holofotes da imprensa, mas nos bastidores a corrida eleitoral começou faz tempo e não há como esconder isso. 

Renan Filho investe sim em ampliar a base de sustentação do seu governo pensando também em eleições, ora bolas. Foi assim com a chegada do PDT do deputado federal Ronaldo Lessa à administração. Foi assim nos diálogos que teve pessoalmente com o PROS, mas não conseguiu trazer essa legenda.

Não bastasse isso, quem tem acompanhado os discursos do governador em inaugurações pelo interior do Estado sabe que eleições é um tema presente. Em recente evento, Renan Filho usou do microfone para se dirigir à população - sem intermédio da imprensa - e criticou duramente a oposição, ainda que sem citar nomes, falando que essa só sabe fazer piadas, dançar forró etc. Se não houvesse eleições, como prioridade, na agenda de Renan Filho, tais discursos não existiriam. 

Outro ponto equivocado do discurso de Renan Filho é dizer que a população não está preocupada com eleição. Parte dela está sim, ainda mais em Alagoas onde há setores umbilicalmente ligados com a atividade política. O grupo do PMDB - em especial Renan Filho e o senador Renan Calheiros - trabalham com esses cenários. 

Dentro do Palácio do Planalto, Rui Palmeira é visto como um rival. Assim como é, em sentido inverso, na Prefeitura Municipal de Maceió, onde Renan Filho é o rival, ainda que Rui Palmeira não seja o candidato. 

Quem fizer uma rápida pesquisa no google vai ver a quantidade de vezes em que Prefeitura e Governo do Estado, por meio de órgãos, “bateram cabeça”, “fizeram o jogo do empurra” etc. Indiretas existem de toda parte e para bom entendedor meia-palavra basta. 

Dizer que não há preocupação com eleição é chamar a população de cega diante do que está posto. Agora, é claro, que isso não elimina a responsabilidade do gestor de pensar nas políticas públicas do Estado de Alagoas. 

Então, a fala de Renan Filho, ao dizer que “não está observando candidaturas, nem mesmo a dele, por enquanto...”, não corresponde a realidade cristalina. O pior ainda veio na sequência da fala: “vou pensar na minha candidatura mais à frente, se meu partido compreender que sou o melhor nome”. É uma falsa humildade, pois Renan Filho sabe muito quem é que manda no PMDB em Alagoas, e que só não candidato à reeleição se ele não quiser. Todavia, ele quer e se movimenta para isso. 

A fala do governador é aquele tipo de declaração que é “para inglês ver”. Conta outra, governador...

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