Em seu discurso na Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, o governador Renan Filho (PMDB) resolveu responder aos opositores que criticam o fato do governo do Estado prometer novos hospitais, mas não detalhar como se dará o seu funcionamento, já que não se trata apenas da estrutura física e as unidades já existentes enfrentam problemas de abastecimento, dentre outros. 

É bem verdade que os problemas das unidades existentes não podem entrar apenas na conta do atual governo. É histórico. Mas, Renan Filho quando se elegeu sabia dos problemas que enfrentaria. 

O governador pontuou a herança que seu governo recebeu. De certa forma, possui uma dose de razão nisto, pois a Saúde em Alagoas sempre teve problemas graves e a gestão de seu antecessor, Teotonio Vilela Filho (PSDB), também cometeu erros. 

Todavia, a oposição também acerta quando cobra o planejamento do governo do Estado - como já fizeram os deputados estaduais Rodrigo Cunha (PSDB) e Bruno Toledo (PROS) - para o funcionamento das novas unidades. Será em qual modelo? Como se darão as contratações? Como vai entrar esse custo no orçamento da Saúde que é bastante similar ao do ano passado, por exemplo. 

O cobertor é curto. Não se trata de ser contra a construção de novas unidades que desafoguem as já existentes, mas sim de cobrar que estas estejam dentro de um planejamento de médio e longo prazo. 

Em seu discurso, Renan Filho lembrou os feitos na Saúde e atribuiu alguns dos problemas do HGE à baixa cobertura do PSF em Maceió. “70% dos casos que vão ao HGE deveriam ser revolvidos no posto de saúde, mas como não tem  posto de saúde... Como conseguir saúde na capital é muito difícil...”.

Porém, ao falar dos novos hospitais, colocou o seguinte: “Vivemos a era do protesto... Se não tivermos dinheiro para manter o hospital, eu que vou liderar o protesto. Vai ter e vai ter com nossos recursos, cortando na carne, reduzindo dívida... Vamos abrir o Hospital Metropolitano e serão de 2.500 a 3 mil profissionais trabalhando ali”. 

É preciso detalhar essa declaração.

Primeiro: o governador assume mesmo que existe a possibilidade de não haver os recursos para a manutenção e, diante disso, ele ser o primeiro numa linha de protesto contra o próprio governo? É isso! Vai liderar um protesto contra promessas de sua própria gestão em caso extremo delas não se concretizarem?

O governador tem é que mostrar de forma clara que a manutenção desses hospitais estão garantidas e que não há risco deles funcionarem, pois essa é a função do Executivo. É para isso que existe planejamento. 

Segundo: “não basta o vai ter, vai ter” de qualquer jeito. Da forma como o governador coloca fica parecendo que os hospitais serão construídos e depois o Executivo começará a cortar na própria carne para gerar os empregos dos profissionais que ali vão trabalhar. Não está claro na fala do governador como isso será feito. 

Renan Filho, em seu discurso, deu mais uma brecha para a oposição, ainda que em muitos pontos estivesse certo ao falar sobre o diagnóstico da Saúde no Estado de Alagoas. Com declarações como essa, o governador poupa o trabalho da oposição! 

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