Em depoimento ao Juiz Sergio Moro na tarde desta segunda-feira, 5, o marqueteiro João Santa afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha conhecimento de pagamento feitos com caixa 2 durante sua campanha para à reeleição em 2006. Mônica Santana, esposa do marqueteiro, também depôs e afirmou que a campanha do petista custou cerca de R$ 18 milhões, dos quais apenas R$ 8 milhões foram pagos pelo caixa oficial.

Santana afirmou que nunca tratou com Lula sobre valores ou formas de pagamento de serviços. No entanto, contou que "duas ou três vezes", inclusive depois da eleição, reclamou diretamente com o ex-presidente sobre atrasos na realização dos pagamentos.

"Eu deduzia que ele sabia exatamente do que estava se tratando. Primeiro, uma coisa genérica: eu não conheci nenhum candidato que não soubesse dos detalhes da administração financeira da sua campanha. Segundo: os pagamentos oficiais sempre tiveram margem pequena de atraso. Sempre tinha atraso, mas não tanto. Então, quando se referia a atrasos, atrasos inclusive que ficavam para depois da campanha, estava implícito que era caixa 2”, completou.

O marqueteiro prestou depoimento como testemunha de acusação no chamado processo do sítio de Atibaia (SP), da Operação Lava Jato, em que Lula é acusado de ter recebido propina das construtoras Odebrecht, OAS e Schahin por meio de reformas no imóvel.

 Segundo o Ministério Público Federal (MPF) o ex-presidente comandou a formação de um esquema criminoso destinado, entre outras coisas, ao seu enriquecimento ilícito e a "financiar caras campanhas eleitorais”.

Também em depoimento, a publicitária Mônica Santana disse que mais da metade do valor de custo da campanha de reeleição de Lula em 2016, foi pago com caixa 2, R$ 10 milhões do total de R$ 18 milhões.

Segundo ela, a decisão de como fazer os pagamentos por caixa 2 foi do PT e que João Santana chegou a conversar com o ex-ministro Antônio Palocci sobre os riscos, já que a imagem do ex-presidente já estava abalada pelo mensalão.

“A decisão era absolutamente deles (PT), de receber por caixa 2. Para mim, (pagamento oficial) era menos risco, mais tranquilo, não tinha que carregar mala de dinheiro para lugar nenhum”, afirmou a publicitária.

Os publicitários afirmaram não ter conhecimento sobre o sítio, objeto da ação penal.

*com Informações UOL