O ano de 2016 não foi nada bom para a economia do país e isso pôde ser observado mais cruelmente no alto índice do número de desemprego que atingiu os trabalhadores de todas as áreas. Porém, as estimativas em 2017 são um pouco melhores, ao menos para os trabalhadores da capital alagoana, que apresentou uma tímida elevação das vagas de trabalho.

Nesse terceiro trimestre (julho, agosto e setembro), os dados sobre desemprego na capital cederam e após seis trimestres, “o indicativo aponta uma taxa de desemprego de 15,6%, ainda 1,8p.p. acima do mesmo trimestre do ano passado e 3,4 p.p. acima da taxa de desemprego média do Brasil (12,2%)”, comentou o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio AL), Felippe Rocha.

Os setores mais atingidos em Maceió pelo desemprego foram o comércio seguido pela construção civil. Essa realidade é observada uma vez que a renda familiar menor pressiona os consumidores a deixar a aquisição de produtos e serviços e focar apenas na manutenção de suas residências. “Esse efeito gera um ciclo vicioso, já que a redução do consumo diminui a receita das empresas e os pressiona a reduzir custos, desempregando”, comentou o economista.

A falta de renda e os cortes no orçamento foram sentidos em todas as classes sociais uma vez que as atividades econômicas se deprimem e o horizonte para os indivíduos, no que tange a oportunidades de trabalho, promoções e aumento de renda, se fecham. Diante dessa realidade em todos os setores houve queda no consumo. Segundo Felippe, “o setor de alimentos, ligados aos supermercados/hipermercados, tiveram que alterar suas estratégias de vendas, buscando produtos mais baratos e de marcas de menor qualidade para manter suas vendas”.

Um ponto que foi ‘sacrificado’ pelos alagoanos foi a diversão. O economista comenta que o lazer também foi reduzido, “a renda menor impede os consumidores de saírem para teatros, bares, restaurantes e festas, para os desempregados, este são bens de luxo”.

Outro setor que apresentou cortes significativos foi a educação. Dados da Fecomércio apontam que “a educação, tanto de ensino superior quanto dos níveis fundamentais e médio, tiveram aumento da inadimplência e, no caso do ensino superior, o sonho de se formar adiado para outro período”.  

“Trabalhei por 12 anos numa empresa privada e fui demitido há dois meses. A notícia foi um choque para mim e para minha família”, desabafou o motorista que preferiu não se identificar. Para ele, o momento que o país atravessa com certeza é um empecilho para o trabalhador ser absorvido pelo mercado.

“Tive muitas promessas, mas até o momento nada concreto. Não tenho medo, nem preguiça de trabalhar, espero que até o final do ano possa voltar a trabalhar”, concluiu o motorista na esperança de dias melhores.

Ao longo do ano, na capital, o saldo líquido de geração de emprego foi negativo entre janeiro e agosto. Apenas em setembro houve reversão e uma contratação muito tímida.

Felippe revela que a informalidade imperou no período. “A área que se saiu melhor, nesses dois meses de recuperação, foi o setor de serviços, o turismo ajuda a movimentar a dinâmica de empregos na região”, exemplificou ele.

As expectativas para o ano que chega são otimistas. “Como a contratação de temporários está 200% maior do que no ano passado e os setores perenes voltaram a empregar, tais como o Comércio, Serviços e a Construção Civil, a expectativa é de melhor consumo em 2018. A inflação baixa, ajuda aos consumidores já empregados a comprar mais e a estimular os investimentos e novas contratações”, concluiu o economista.