Logo que o Fale, Educação foi lançado - e ainda sequer tinha começado - conversei com a promotor Cecília Carnaúba sobre o assunto. Publiquei uma longa entrevista com ela no CadaMinutoPress.
A ideia era formidável e visava levar para as escolas, por meio de palestras com profissionais de diversas áreas, várias formas de conhecimento de maneira interdisciplinar. Para além disso, buscou integrar a comunidade às escolas, sem esconder os problemas que a Educação estadual enfrenta, mas buscando soluções e o preenchimento de lacunas.
Pelo que acompanhei, o projeto foi bem recebido por alunos, por professores, pela própria Secretaria Estadual de Educação (o que faz com que o governo de Renan Filho mereça sim esse elogio) e, nas escolas em que se fez presente, encontrou parceiros preocupados. Entre eles, o Legislativo alagoano. É fato que a Casa de Tavares Bastos merece inúmeras críticas, mas ao abrir portas para os estudantes fez um sinal positivo de “desencastelamento”.
Não deixaria aqui de elogiar os parlamentares que compraram essa ideia, incluindo o presidente Luiz Dantas (PMDB), que já foi alvo de diversas críticas nesse blog.
Que outros poderes também possa abrir as suas portas para as próximas edições do Fale, Educação. Aliás, que outros parceiros surjam para que o programa possa ser ampliado e assim envolver mais escolas, sobretudo no interior do Estado de Alagoas.
O que o Fale, Educação apresentou de melhor em minha visão?
Bem, falo de algo que foi destacado pelo deputado estadual Bruno Toledo (PROS): “Eu acredito na Educação como apresentada nesse projeto: uma visão de respeito ao ser humano pelo simples fato de ser ser humano, sem a instrumentalização de pessoas em função de ideologia A ou B, com o foco naquilo que realmente é necessário aprender: de um lado o conhecimento técnico preciso que fará com que esses adolescentes tenham conquistas na vida pessoal e profissional. Do outro, o respeito às divergências, a tolerância, a noção de cidadania e a certeza de que as famílias precisam ser respeitadas e são responsáveis pela educação moral de seus filhos. Educação é um processo de parcerias e não um monopólio do Estado para jogar uns contra os outros”.
Compartilho da mesma visão e opinião. Foi possível discutir assuntos que envolviam o respeito ao próximo, às divergências, às liberdades individuais, sem a instrumentalização de coletivos por bandeiras políticas A ou B. Era riquíssima visão apresentada pelos alunos. A edição de 2017 chegou ao fim em dezembro. Por parte do Ministério Público, que foi o idealizador do projeto, vimos um órgão proativo que cumpriu uma missão por dedicação ao tema. Uma prova de que quando se quer, pode mais.
É preciso registrar também o papel dos professores, coordenadores e diretores de escolas. Muitos deixaram claro que enxergam a profissão como um sacerdócio, superando as condições da estrutura ofertada pelo Estado (alguns até bancando coisas do próprio bolso) para tentar ofertar uma Educação de qualidade. Ocupar esses espaços (no bom sentido) e promover o resgate de uma alta cultura, ao mesmo tempo em que se trabalha a autoestima dos estudantes, é a verdadeira porta de saída para os tempos sombrios de miséria intelectual e moral em que vivemos.
Não tenho dúvidas que o Fale, Educação fez diferença na vida de cada um desses estudantes. Não acompanhei o projeto de perto e pude estar presente em apenas uma das visitas que os alunos fizeram ao parlamento estadual, mas mesmo assim pude notar - naquele momento - o quanto ele era transformador em relação à verdadeira visão crítica que um estudante deve assimilar. Eram muitos aprendizes querendo mais do que o que era ofertado, interessados nas principais temáticas do Estado, questionando a própria base curricular e cobrando o “estudo sério”. Enche de esperança enxergar isso nas futuras gerações, sobretudo quando existem os que queiram tratá-los como massa de manobra.
A promotora Cecília Carnaúba foi peça fundamental no desenvolvimento dessa ideia, bem como profissionais liberais como o advogado Arthur Toledo, Maria Ferro, Rita Lira, dentre tantos que fizeram da melhoria da Educação uma causa. Doaram-se de forma altruísta, pois nada havia em troca a não ser os resultados a serem colhidos em um futuro próximo. Que Deus abençoe vocês nas próximas jornadas. Que 2017 seja o ponto inicial de várias etapas, cada vez mais expandidas, do Fale, Educação.
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