Quem acompanha os passos do ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) sabe que, em muitos momentos, o político é uma esfinge. Fala pouco sobre o que tem pensado, movimenta-se nos bastidores com cautela e toma decisões que podem alterar quadros. 

Foi assim em 2014, quando resolveu permanecer no cargo e não disputar o Senado Federal. 

A decisão - na época - causou incômodos aos aliados como o senador Benedito de Lira (PP) e até ex-secretários de sua gestão que sonhavam em se candidatar ao Executivo. O próprio vice-governador da época, José Thomáz Nonô (Democratas) se sentiu traído. Enfim...

Agora, Vilela mira no Senado Federal. 

Já movimentou o xadrez político ao entregar a presidência do PSDB para o prefeito Rui Palmeira, tornando-o - queira o prefeito confirmar ou não - o principal pré-candidato ao governo da oposição. Ao mesmo tempo, o ex-governador afastou de si os “boatos” de uma aliança branca com o senador Renan Calheiros (PMDB). 

Numa entrevista concedida à Tribuna Independente que analisava as perdas de prefeitos na legenda do PSDB, Vilela soltou o verbo nas críticas aos peemedebistas. Classificou a política de “atração de prefeitos” do governador Renan Filho e do senador Renan Calheiros de “nada republicana”, “arcaica” e disse que os prefeitos estão “mudando de lar” de “forma constrangida”. 

Eis uma das declarações: “Fui governador durante oito anos e nunca pedi ou induzi prefeito a vir para o meu partido. Não tirei prefeito de nenhum outro partido e sempre dei atenção a todos. Quando um prefeito foi eleito, ele é um representante do povo e tem que ser respeitado. Nunca perguntei a um prefeito se ele votou em mim ou se iria votar”. 

Para Vilela, Renan Filho usa do poder da máquina com o objetivo puramente eleitoral. Ele diz que os prefeitos são obrigados à mudança por “necessidade de sobrevivência”. 

“Diante de uma crise imensa e da oferta que está sendo feita a eles, de obras, ações, de ajuda do governo, que teria que ser feita até porque governo é para apoiar os municípios e não fazer disso uma moeda de troca. Eu respeito os prefeitos que saíram do meu partido porque sei que a grande maioria faz isso por absoluta falta de alternativa diante de uma crise”, complementou durante a entrevista.

Ainda aproveitou para mandar um recado. Relembrou sua eleição de 2010: “João Lyra amealhou 90 prefeitos, 26 deputados, praticamente a totalidade das Câmaras de Vereadores e perdeu a eleição no primeiro turno. O voto majoritário não obedece necessariamente ao comando do líder, porque é um voto que vai muito com o momento, com a impressão que o candidato a governador, a senador coloca. Essa é minha maneira de ver”. 

Foi a primeira entrevista em que Vilela não apenas se portou firme como oposição, mas subiu o tom. 

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