Quinze pessoas morreram até agora em Alagoas vítimas de AIDS. Apesar de o ano ainda não ter acabado, o número supera 2016, quando 10 pessoas soropositivas perderam a vida por conta da doença. De 2007 para cá, quase 2.500 indivíduos em Maceió foram diagnosticados com AIDS e outros 1.511 com HIV, quando se tem o vírus, mas ainda não desenvolveu doenças oportunistas que podem levar à morte. Os dados foram discutidos em audiência pública realizada nesta sexta-feira (24), na Câmara Municipal de vereadores. A iniciativa, proposta pela vereadora Tereza Nelma (PSDB) e aprovada pela Casa, faz parte do Dezembro Vermelho, dedicado a discutir o problema. A audiência desta sexta, inclusive, é a primeira do tipo no país.

Além desses números, os técnicos e psicólogos que participaram do encontro também revelaram dados como as mais de 5 mil pessoas infectadas em Alagoas, dos 112 mil espalhados pelo Brasil. Com o avanço no tratamento, uma pessoa com AIDS hoje em dia tem melhor qualidade e expectativa de vida. O problema, afirmam os especialistas, entre muitos outros, está nas muitas pessoas em Maceió, Alagoas e no país que estão infectadas, não sabem e continuam a transmitir o vírus em relações sexuais sem prevenção.

Ainda segundo os números expostos na audiência, os heterossexuais lideram entre os infectados pela doença, com 242 casos de homens e 128 mulheres, recebendo o diagnóstico de soropositivo por mês no estado. “Não temos como mensurar o número de pessoas que estão infectadas, mas que não foram nem são diagnosticadas porque simplesmente muitas não sabem que têm ou algumas que podem desconfiar, mas o medo não as deixa procurar um tratamento. De acordo com o Ministério da Saúde, a quantidade de pessoas nessa situação pode ser três vezes maior do que as que são diagnosticadas, e isso é muito ruim”, declarou a enfermeira Danielle Castanha, gerente de Vigilância e Controle de Doenças Transmissíveis da Secretaria de Estado de Saúde de Alagoas.

Para o psicólogo do PAM Salgadinho, Fábio Mota, a prevenção e conscientização são o meio mais eficaz para o combate à doença. O profissional também chamou a atenção para o fato de que a população, sobretudo os jovens que não viveram a década de 80, quando muitas pessoas morreram de AIDS, perderam o medo do risco de contrair o vírus e ter a doença desenvolvida.

“Ouvi aqui antes de minha fala que as pessoas perderam o medo de morrer, e não vejo por esse lado. Entendo é que as pessoas perderam o medo do risco de contrair a doença, e isso é muito preocupante. Na nossa prática no PAM, chega muita gente que entra em pânico só pelo fato de ir fazer o teste. Há pessoas que chegam lá e desistem de se submeter. Então, quando a doença se aproxima e se torna real, é que sabemos que o medo de morrer não sumiu. Por isso, a prevenção e conscientização, sobretudo dos jovens, é essencial. É fato que a AIDS tem tratamento, os remédios melhoraram a condição de vida dos infectados, mas não tem cura ainda e mata”, declarou Fábio Mota.

“Esta Casa se torna pioneira na realização de uma audiência pública sobre HIV/AIDS no Brasil. Mais uma vez, saímos na frente para debater o assunto, trazendo aqui representantes da Sesau, SMS, psicólogos, integrantes da comunidade LBGT de Alagoas para que a conscientização seja feita. Cada dia mais é necessário reforçar a importância da prevenção e, em casos de sintomas e desconfiança de uma possível infecção, a pessoa possa procurar um teste para que, se confirmado, o tratamento tenha início. Infelizmente, há muita gente que anda fazendo sexo por aí afora, já com doenças oportunistas desenvolvidas”, afirmou a vereadora.