Precisamos falar sobre o deputado federal Givaldo Carimbão (PHS) e suas mais recentes declarações. O parlamentar tem todo o direito de querer ver o presidente Michel Temer (PMDB) investigado  pelas denúncias que foram feitas contra ele. Eu também gostaria. 

Há tempos que digo nesse blog que Temer é parte do estamento que tomou conta da República e em que pese achar que acertou em alguns momentos, como na PEC do Teto dos Gastos, não vejo tais acertos como “salvo-conduto”. O PMDB sempre foi parte do problema. Nunca a solução. 

Porém, o deputado federal Carimbão pegou a via do discurso demagógico e fácil que, dentre as muitas funções, tem uma deplorável: “jogar para galera”. 

Ao falar sobre as razões pelas quais votaria a favor da investigação contra o presidente Michel Temer (PMDB), Carimbão “lacrou” afirmando que “deixar Temer no poder é exterminar os pobres”. 

Onde Carimbão estava nos últimos anos do governo de Dilma Rousseff (PT) nesse país? Por acaso não mais se lembra da escalada da inflação, do desemprego crescente, da falta de perspectiva na economia dentre outra série de fatores que prejudicava justamente o mais pobre, em função das mentidas erradas do governo? O corte no Fies em plena Pátria Educadora? Outros investimentos sociais também sofreram. Lembram? 

Carimbão ainda não entendeu que nesse estamento montado - do qual o PMDB faz e fez parte - “todo poder emana do povo, mas contra ele será exercido”, tratando a coisa pública como se privada fosse, aparelhando estatais, tornando o Estado cada vez mais gigante com apadrinhamentos políticos incompetentes que colocam em risco a estabilidade do país. Solução pra isso: uma delas é menos Estado e mais liberdade econômica. Já aí seriam menos padrinhos e menos apadrinhados.

Isto sem contar com o discurso relativista que aprofundou a miséria moral e intelectual que hoje vivemos, onde tudo é uma luta do “nós contra eles”. Eu não tenho o mínimo apreço pelo presidente Michel Temer, mas na recente democracia nada se compara a era de saúvas do lulopetismo. Bilhões que escorreram pelo ralo por meio de mensalão, petrolão, esquemas com aliados e distribuição farta de cargos em um verdadeiro estilo soviete. 

Mas, Carimbão vai além e diz que para esse governo só servem empresários que financiam para eles e para a patota deles. É mesmo, Carimbão? Qual governo que alimentou o clube das empreiteiras e permitiu roubar ao tempo em que roubava? Qual governo fez a política dos “campeões nacionais”, promovendo um “capitalismo de compadrios” com Eike Batista, Bumlai, Odebrecht, e outros, incluindo aí os nefastos irmãos da JBS e os empréstimos no BNDES (Por sinal, o BNDES merecia um capítulo a parte). Qual governo foi para os bancos um verdadeiro paraíso? Os números estão bem postos. 

Se há tais pecados venais na administração de Michel Temer, com o presidente recebendo corruptos na surdina, anteriormente não era diferente. Muito pelo contrário. No governo que o senhor Carimbão quis manter no poder havia tudo isso e muito mais, incluindo uma ideologia nefasta e secular que vai de encontro a fé pública que o deputado do PHS professa. Porém, Carimbão já deve ter abraçado a Teologia da Libertação com tal força que hoje seja um marxista-leninista-católico, ou tenha sido só alguém útil em determinados momentos sem observar nada disso.

Carimbão poderia ter externado motivos de sobra para votar favorável às investigações a Temer. Se deputado federal eu fosse (graças a Deus não sou!), também votaria para que Temer fosse investigado, mas para ver esse estamento esfacelado de vez, pois não confio no PMDB, muito menos em Temer. Há quem não concorde comigo. Paciência. Eu discordo de Carimbão e digo o porquê. 

O parlamentar ainda diz não vender a própria consciência. Que bom e que assim seja. Espero que não esteja em jogo também seus valores católicos e repense que apoiou um governo que apoiava o aborto, ditaduras como a da Venezuela, a ideologia de gênero, pautas que não casam com quem tem uma visão apoiada na transcendência e nas crenças do catolicismo. É contraditório! 

Para Carimbão, há quem queira salvar Temer por um jogo de cargos. Eu não duvido disso. Creio até que o parlamentar tem razão. Mas, essa negociação, no presidencialismo brasileiro, sempre existiu para formar as coalizações. Por vezes, governabilidade no Brasil vira sinônimo de prostituição e não é de hoje. Basta pesquisar pelas ações do ex-presidente Lula (PT) nas vésperas do impeachment ou o “toma lá da cá” do mensalão. 

Ao mesmo tempo, é válido lembrar que as composições políticas que envolve cargos não são todas ilegítimas. Assim o fosse, Carimbão poderia ser questionado pela Secretaria de Prevenção à Violência no governo de Renan Filho (PMDB), não é mesmo? É que existem também composições em torno de projeto e para firmar aliados de maneira legítima. Sempre vai existir isso no jogo político. 

Se há quem aceita cargo para roubar, que surjam os nomes. Dizer que nesse atual governo “quando se discute cargo é para dizer o seguinte: ali você tem um manto para roubar…Essa é a grande verdade” é acusar de forma genérica e colocar todo mundo sob suspeita em função dos cargos que ocupa. Além disso, será que essa mesma frase de Carimbão não faria sentido no antigo governo que ele quis que permanecesse? 

As acusações genéricas são terríveis. Tanto é assim que o próprio Carimbão se colocou como exceção, ao falar que indiciou cargos, mas não nada que desabone em sua conduta. Carimbão ainda diz que o atual “queria tomar o poder e montar uma quadrilha”. É isto que o Ministério Público Federal afirma do governo passado, vejam só! Talvez a suspeição permaneça em função de ser o mesmo estamento. 

Em resumo, se as falas de Carimbão fossem sobre o governo passado, elas também se encaixariam perfeitamente. A diferença é que lá, ele era um aliado. 

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