O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) - que coleciona inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) - quer uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os “supersalários” do Executivo, do Legislativo e do Judiciário.
Justiça seja feita: independente da proposta vir de Renan Calheiros, que também tem muito o que explicar aos seus investigadores e tem o amplo direito à defesa, a proposta, caso seja mesmo apresentado o requerimento, é boa. Mais um coelho que Calheiros tira da cartola na busca pela construção de sua “agenda positiva”.
Claro que em política não há coincidência. Então, é de se questionar o surgimento da proposta depois que um inquérito contra Renan Calheiros anda no Supremo Tribunal Federal. Toda ação tem sua reação. Toda reação tem seu alvo. Renan Calheiros classificou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como “típico caso de esquizofrenia”. Assim, partiu de vez para o ataque.
É o mesmo Janot que ao denunciar o presidente Michel Temer (PMDB) deu discurso a Renan Calheiros, sem querer obviamente. O peemedebista-mor de Alagoas nega, entretanto, que a CPI proposta seja uma retaliação ao Ministério Púbico e o Judiciário.
Renan Calheiros diz que “é preciso obrigar quem ganha mais que o teto a devolver o que recebeu a mais, mas há uma dificuldade em levantar os supersalários e por isso defendo a CPI”. Ele continua: “Não tem nada a ver com a Lava Jato”.
Ah, tá!
Em todo caso, a CPI pode ser útil, já que o Senado aprovou projetos da Comissão especial do Extrateto em que colocava fim aos supersalários no serviço público. Todavia, o texto encaminhado à Câmara não foi votado.
Quanto a Renan Calheiros, no dia 25, o procurador-geral da República denunciou Renan Calheiros e outros quatro líderes do PMDB por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O senador alagoano alega inocência.
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