Li, no blog da jornalista Vanessa Alencar, que o porta-voz do prefeito Rui Palmeira (PSDB), Welisson Miranda, rebateu as críticas dos deputados estaduais nessa semana acerca do grande número de pardais instalados na capital. Welisson Miranda acerta em alguns pontos e erra em outros. É natural de quando o debate é tomado pelas “paixões políticas”.
Se de um lado Miranda acusa os parlamentares de serem motivados por essas paixões oriundas do cenário eleitoral e dos palanques, do outro tal acusação também pode ser feita a ele, já que defende Rui Palmeira com o mesmo tom e recorrendo aos palanques. É simples assim.
Repito o que já disse aqui: o problema dos pardais em Maceió não são os pardais em si. A fiscalização eletrônica - se bem aplicada - é válida e, de fato!, salva vidas, como diz Welisson Miranda. A questão é a forma como eles estão sendo colocados, ainda que sinalizados, gerando uma imensa quantidade de multas. Esta quantidade sim, questionável. São os números que importam, desde a quantidade de multas as cifras geradas aos cofres da SMTT.
É preciso que a Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) - e não nenhum outro órgão ou porta-voz - responda com dados precisos: a quantidade de multas corresponde a um excesso de infrações do motorista maceioense? Quanto a SMTT tem arrecadado com isso? Onde está sendo gasto o dinheiro? No mérito, tais questionamentos tem razão de ser.
Agora, cabe sim o questionamento aos parlamentares estaduais - em especial os do PMDB - por terem “olho vivo” para umas coisas e deixar passar batido outras. Diante das prioridades que o parlamento estadual tinha, poderiam os parlamentares - de uma forma geral - acompanhar com mais afinco as investigações da Polícia Federal em relação à Secretaria de Saúde do Estado. Não farão, pois são - em maioria - governista. Os questionamentos ficaram por conta de opositores como Bruno Toledo (PROS) e Rodrigo Cunha (PSDB).
É que não se trata apenas das questões levantadas pela Polícia Federal, mas também o pagamento dos fornecedores, o desabastecimento, dentre outros pontos que o parlamento não aprofundou e elegeu como prioridade os “pardais”, que - por sua vez - seria uma discussão que caberia à Câmara de Maceió. Esta bem que poderia encaminhar tais questionamentos à SMTT na busca por maiores informações. Afinal, é papel a fiscalização do Executivo municipal. Não faz pelo mesmo motivo: a imensa maioria é governista.
E aí, fica claro que há sim motivações políticas nos pronunciamentos dos senhores deputados, o que não invalida o mérito de alguns questionamentos.
Se o deputado estadual Ricardo Nezinho (PMDB) entrou nessa discussão por ter sido derrotado por Rogério Teófilo (PSDB) na disputa pela Prefeitura de Arapiraca, como diz Miranda, não sei. Mas duvido. Creio que Nezinho o faça pelas mesmas motivações de Medeiros, apontar possíveis erros do potencial rival do governador Renan Filho (PMDB), que é o prefeito Rui Palmeira (PSDB). A questão política está aí.
E mesmo que Nezinho fosse motivado por resquícios da eleição arapiraquense, Welisson Miranda faz uma comparação infantil para dizer que Nezinho não entende de “poupar vidas” por ter sido o propositor do projeto Escola Livre. Ora, uma coisa nada tem a ver com a outra.
Que Miranda discorde do Escola Livre é um direito dele. Mas, o desafio a provar - no texto daquele projeto - onde se encontra ameaças à vida de quem quer que seja. A discussão ali é sobre doutrinação escolar, senhor porta-voz. O mérito é outro. E a questão só é levantada por Miranda para tentar descredibiliza o crítico sem ter que discutir a crítica. É uma estratégia mesquinha. E nesse ponto, errada.
Ricardo Nezinho pagou um preço pelo projeto polêmico, que dividiu opiniões. Mas em momento algum aquela lei tem a ver com entender ou deixar de entender sobre prevenção à vida. Ele tem a ver com outras questões, que nem mais entro no mérito. E quando digo que Nezinho pagou um preço, foi por ter - naquele momento - ao seu lado quem apoiava a ideia e contra ele quem rejeitava. Eu apoiei a ideia de Nezinho sobre o Escola Livre e discordo dele na questão dos pardais, pois acho que a fiscalização eletrônica é cabível em uma cidade desde que feita com total transparência. Logo, não é a existência do pardal em si.
Portanto, Miranda - independente de suas motivações - está correto ao dizer que o parlamento estadual exagera e pinta com cores políticas tal fato. No entanto, a SMTT passa a dever os questionamentos feitos por Ronaldo Medeiros sobre a quantidade de infrações. Isto quer dizer que a SMTT estará certa ou errada? Bom, quem dirá serão os dados.
O problema de Medeiros - que é o principal crítico dos pardais - é se perder no discurso por meio de analogias tolas na tentativa de ser irônico. E aí fica mais do que claro que o alvo é o prefeito e não a questão a ser levantada.
No entanto, há um ponto da fala de Miranda - trazida por Vanessa Alencar - para qual chamo atenção: o porta-voz de Rui Palmeira convidou os peemedebistas a conversarem com o superintendente de Transporte e Trânsito, Antônio Moura, sobre os pardais. Sugiro, a partir disso, que o parlamento faça o convite ao secretário já que ele parece se mostrar disposto ao diálogo e à transparência desses dados. Nasce a oportunidade para o questionamento e a resposta sem a necessidade de tantos palanques armados.
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