O senador Fernando Collor de Mello (PTC) virou réu em um processo oriundo das investigações da Operação Lava Jato. Ele é acusado de ter recebido R$ 30 milhões em propina ao ter intermediado - segundo a Procuradora Geral da República - negócios com a BR Distribuidora, como a mudança de bandeiras de uma rede de postos. 

Todavia, a decisão diante do processo que tornou Collor réu livrou a cara de algumas pessoas, como a da esposa do senador. Em nota, é nesses fatos que o senador Fernando Collor de Mello se apega para dizer que conseguiu uma vitória no Supremo. É claro que na condição de réu, Collor - assim como qualquer outro brasileiro - deve ter suas garantias respeitadas, o que inclui o direito à legítima defesa. 

A diferença é que como homem público e com mandato legislativo, Collor sofre os danos da exposição de fatos que resvalam na política, ferem a sua imagem etc. Diante disso, obviamente precisa criar uma narrativa para convencer os outros de sua inocência. Pelo Direito, ninguém prova a inocência, mas quem acusa é que tem que provar a culpa. 

Porém, na política há cobranças de satisfações a serem dadas pelos homens públicos. 

Então, Collor buscou fazer emitindo nota reafirmando a inocência e negando envolvimento em atos ilícitos. Mas, fugiu ao mérito das acusações. Buscou construir uma narrativa de “vitória” diante do que decidiu o STF. Não há - ainda - vitória alguma para Collor. Há sim, para outras pessoas que se encontravam na mesma ação. 

Isto - em tese - não demonstra fragilidade nas acusações contra Collor, mas sim nas feitas contra as outras pessoas. Portanto, foi imposta uma derrota à Procuradoria-Geral, pois dos nove denunciados, somente se recebeu denúncia em relação a três, dentre os quais, o senador do PTC. Foram afastados alguns crimes imputados, repudiando excessos da acusação. Collor acerta nisso, mas não no todo. 

Em nada isso quer dizer que Collor terá vida fácil. Que o senador seja investigado e se inocente, que isto seja reconhecido. Caso contrário, que seja punido, como deve ser com qualquer um. Mas que não esqueçamos do mérito: lavagem de dinheiro, corrupção e organização criminosa. 

A principal acusação segue sendo a de que ele (Collor) teria pedido - entre os anos de 2010 e 2014 - pelo menos R$ 30 milhões em três negócios envolvendo a BR Distribuidora. Se a PGR foi derrotada em algum ponto dessa denúncia, em nenhum dele - ao menos por enquanto - Collor pode dizer que sai vitorioso. 

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