O desarmamento na Venezuela e o desespero de quem defende ideias totalitárias

09/08/2017 13:03 - Bene Barbosa
Por Redação
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O tal “socialismo do século XXI”, um mero slogan inventado por Heinz Dieterich – sociólogo e espécie de conselheiro informal do processo de bolivarianismo que contaminou boa parte da América Latina e de forma mortal a Venezuela –  está ruindo a olhos vistos. Miséria, fome, violência, autoritarismo e repressões violentas tomam conta do país, que até 2001 era o país mais rico da América do Sul.  Maduro, o herdeiro maldito do Chavismo, torna-se cada vez menos defensável, a não ser, claro, para boa parte da esquerda. Dentro desse contexto é fácil imaginar que pessoas, grupos e organizações tentam se distanciar de qualquer coisa ligada a Maduro, ainda mais quando se tem no passado, enterrado no porão, o apoio às políticas como a do desarmamento civil.

 

Se na extinta União Soviética vencedores ideológicos manipulavam fotos, reescreviam documentos e livros para obliterar a existência dos vencidos, hoje, a tentativa de se apagar publicações comprometedoras se dá em um simples clique. E foi exatamente o que fez o Viva Rio ao apagar de sua página a publicação na qual, orgulhosamente, estampava sua colaboração com o regime chavista, com o objetivo de implantar o desarmamento nos mesmos moldes brasileiros. Essa organização, cria de George Soros, não estava sozinha nessa empreitada, que contava também com a colaboração ativa de ninguém menos que a própria ONU através do Centro Regional das Nações Unidas para a Paz, Desarmamento e Desenvolvimento da América Latina e Caribe (UN-Lirec).  O problema para esses “reescritores” de fatos é que desaparecer com coisas da Web não é tão simples assim, e a postagem original ainda pode ser achada no site Web Archives. O vídeo, que ilustrava tal matéria, ainda se encontra no canal do YouTube da ONG.

 

Dá para piorar? Dá, sempre dá! Pior que a tentativa frustrada de enterrar o passado sombrio e vergonhoso de apoio aos ditadores Chávez e Maduro é negar que houve desarmamento naquele país. E foi exatamente o que fez o jornalista Reinaldo Azevedo por quem, confesso, já tive admiração no passado. Vejam o trecho:

 

“Os ‘grupos de autodefesa’ criados por Chávez fizeram da população civil umas das mais armadas do planeta. Aliás, os que defendem o fim do Estatuto do Desarmamento no Brasil em nome da chamada ‘autodefesa’ estão se alinhando com uma tese… chavista!!! O curioso é que tal discurso, em Banânia, tem origem na extrema-direita. No país vizinho, foi manipulado pela extrema-esquerda. Bastaria isso para evidenciar como uns e outros estão certos, não é mesmo? “

 

Entenderam? Para o jornalista não houve desarmamento na ditadura Venezuelana e nós, que defendemos o fim do criminoso Estatuto do Desarmamento, estamos do lado de Chávez et caterva! Mentalmente solto alguns palavrões (que não estamparei aqui) e chego à conclusão que para defender esse mantra sagrado do tucanato, algumas pessoas não pensariam duas vezes em aderir até à tese da terra plana.

 

Não é preciso muito para se comprovar que houve, sim, desarmamento implantado na Venezuela e que este é cópia quase fiel do que ocorreu no Brasil, iniciado por Fernando Henrique Cardoso em seu primeiro mandato como presidente. Tal notícia foi destaque em praticamente todos os portais e sites de notícias no Brasil, como o portal Vermelho.org, Exame, UOL e Veja. O destaque fica por conta da reportagem feita pela gigante Fox News, que ganhou legendas em português do pessoal do “Tradutores de Direita” e que você pode assistir clicando aqui .

 

Da mesma forma que a ditadura venezuelana buscou desarmar a população e seus possíveis opositores, tratou logo de armar milícias e aqueles que são fiéis ao ideário socialista, atitude que praticamente todos ditadores fizeram em maior ou menor grau, tendo como Hitler o seu expoente máximo, que usou a legislação controladora da República de Weimar para desarmar os eleitos inimigos do Estado Alemão e, óbvio, garantiu o armamento nas mãos do próprio Estado e de seus fiéis simpatizantes.

 

Até mesmo o armamento das milícias me cheira a um grande blefe de falastrões. As imagens, amplamente divulgadas por Chávez, onde milhares de milicianos aparecem com seus reluzentes fuzis FAL, mostram que estes estavam sem seus carregadores e, portanto, desmuniciados. Pode ser apenas para se evitar disparos acidentais por quem obviamente não tem proficiência com armamento? Pode! Mas não duvido boa parte disso seja pura encenação e, após os desfiles e fotos, o armamento voltou aos quartéis e arsenais oficias. Recentemente Maduro afirmou que ampliaria a milícia para quinhentos mil cidadãos e o Exército garantiria um fuzil para cada um. Difícil, muito difícil, imaginar meio milhão de voluntários armados, que literalmente não têm papel higiênico para limpar a bunda, defendendo o governo. Muito mais fácil seria ver um levante dessas pessoas, em tese armadas e treinadas, contra Maduro, que diferente de Chávez não possui qualquer carisma.

 

Afirmar que não houve desarmamento na Venezuela e que a luta pela legítima defesa é coisa de gente alinhada ao chavismo, ao autoritarismo ou ao totalitarismo, não se trata de um ponto de vista ou erro de interpretação, mas, sim, de uma enorme mentira insustentável de quem tenta não ser reconhecido por se alinhar com grandes desarmamentistas como Lenin, Stalin, Fidel Castro, Pol Pot ou Hitler. Pode dar piti, fazer birra, citar Machado de Assis e o escambau… Nada disso mudará a verdade de que quem se alinha às ideias chavistas são aqueles que defendem a manutenção do Estatuto do Desarmamento e o monopólio da força nas mãos do Estado; o resto é uma fraude desesperada de quem, no fundo, alinha-se ao que diz combater.

Em tempo e a bem da verdade: Jair Bolsonaro, diferentemente do que acusa falsamente Reinaldo Azevedo, jamais pregou a existência, criação ou manutenção de milícias armadas. Sua proposta é simplesmente devolver ao cidadão o direito à legítima defesa, direito esse ferido de morte pelo Estatuto do Desarmamento. Isso é exatamente a antítese daquilo que defendem os desarmamentistas, ou seja, não privilegiar certas classes ou grupos que continuam armados com as bençãos do próprio Estado, incluindo os criminosos que não dependem da legislação ou de burocratas.

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