Com o final do prazo da primeira sessão da manhã desta quarta-feira (02), uma nova foi iniciada às 13h55 no plenário da Câmara, e o processo de obstrução deverá ser vencido novamente, com os deputados registrando presença até que seja possível novamente retomar o processo de discussão e votação. O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu reiniciar a votação dos requerimentos que pedem o adiamento da votação do pedido do Supremo Tribunal Federal (STF) para instaurar processo por crime de corrupção passiva contra o presidente da República, Michel Temer. 

Até que 257 deputados registrem presença, a análise da denúncia não será retomada no plenário da Câmara . O quórum de 342 deputados foi atingido por volta das 13h, já que o número mínimo era necessário para dar início à votação da denúncia contra o presidente Michel Temer. Contudo, o PSOL recorreu ao STF para alterar o rito da sessão de hoje, manobra que acabou funcionando para atrasar os trabalhos da Casa. 

Pouco antes das 13h desta quarta-feira (2), os parlamentares aprovaram por 292 votos a 20 um requerimento para encerrar a fase de discussão. O presidente da Câmara afirmou que a admissão ou não da denúncia contra Temer dever ser votada até o início desta noite.

Discursos

A sessão extraordinária no plenário começou pouco depois das 9h30, com a presença de 65 deputados. O primeiro a discursar foi o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), relator do parecer aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que recomenda a rejeição da denúncia. 

Em seu discurso, o parlamentar afirmou que a denúncia contra Temer  não apresentou provas suficientes e criticou a gravação feita pelo empresário Joesley Batista, um dos principais pilares da acusação por corrupção passiva contra o presidente. "Entre cinco perícias, quatro a condenam por causa de ruídos", defendeu o tucano.   

O advogado de Michel Temer, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, listou "um ról de equívocos" cometidos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

O criminalista disse que o presidente da República é colocado como réu enquanto um "criminoso delator é colocado em um pedestal", referência a Joesley Batista.

"Não podemos esperar para julgar o presidente? Ele é um facínora?", brada advogado de Michel Temer

Mariz disse que a decisão da Câmara não influencia o julgamento. "É apenas uma questão temporal. Um ano e meio? Será que não podemos esperar um ano e meio para julgar o presidente? Ele é um facínora?", bradou o advogado de defesa. "Será que a sociedade não prefere um ano e meio de benecífios com o presidente? Será que não se pensa no homem Michel Temer?", completou. 

Também em sua fala no plenário, o advogado criticou o MPF. "O Ministério Público está desrespeitando o tripé da Justiça. Está acusando com provas, sem provas. Não pode acusar a esmo e com base em suposições e hipóteses", diz. 

Como será o rito 

Os deputados inscritos tiveram cinco minutos para se pronunciar – revezando favoráveis e contra o parecer. 

Os votos serão realizados por chamada nominal, então os parlamentares serão convocados por ordem alfabética, começando pelos deputados de um estado da Região Norte e, em seguida, os deputados de um estado da Região Sul. No final da votação no plenário da Câmara, tendo votado mais de 342 deputados, Rodrigo Maia deverá proclamar o resultado.