O advogado Adriano Soares - que, como coloca em suas próprias palavras, faz uma assessoria técnica ao prefeito de Arapiraca, Rogério Teófilo (PSDB) - se manifestou, em suas redes sociais, sobre as críticas que vem sendo feitas ao gestor municipal. De acordo com Soares, “há uma narrativa constante sobre uma suposta “crise” do governo Rogério Teófilo”.
Adriano Soares afirma que não há crise na gestão tucana, mas sim uma “crise fiscal e administrativa em Arapiraca”. “São coisas muito distintas”, pontua. “Rogério assumiu a Prefeitura com duas folhas salariais sem pagamento feito pela gestão anterior. Seria esse um problema sério em uma época de crise na economia nacional. Mas nem de longe era o mais grave. A rigor, o Município de Arapiraca chegou em abril de 2016 absolutamente comprometido em sua capacidade de pagamento, com nível elevado de endividamento. O que fez com que o serviço público continuasse sendo precariamente prestado foi o aporte de praticamente R$ 100 milhões de reais de precatório do Fundef, que gerou uma corrida para pagamentos de prestadores de serviços, alocando-se os recursos próprios para pagamento da folha. Ainda assim, deixando dois meses em aberto. Não fosse isso, a Prefeitura teria ficado paralisada inteiramente”, frisa.
O advogado fala de um quadro gravíssimo nas finanças municipais em função de renúncia de receitas feitas no passado sem autorização legislativa. “Some-se a isso a ausência de uma política de cobrança dos impostos, como o ISSQN, que sequer é recolhido por parcela significativa de empresas. E o sucateamento da Secretária Municipal da Fazenda gera ainda hoje problemas sérios, que estão sendo contornados. Dou um exemplo simples: o Conselho de Contribuintes não funciona, de modo que há elevadas somas de recursos a serem executados, pendentes de recursos fiscais administrativos propostos por instituições bancárias. Esta matéria está sendo tratada com responsabilidade, para corrigir os gravíssimos problemas herdados”.
Soares acusa a gestão passada de ter tido como “tecnologia de informação” - que é essencial à gestão pública - uma peça de ficção. “Para completar, irresponsavelmente colocaram em Arapiraca programas de "código aberto" (open source) que só rodavam em três prefeituras do Brasil. E, na gestão contábil-financeira, tiraram o programa pago existente, já em 2016, e colocaram outro com código aberto sem nunca ter sido testado e funcionar adequadamente. Resultado: o Município não entregou um único relatório fiscal obrigatório, fato que gera graves consequências jurídicas e fiscais. O Ministério Público estará sendo informado de todos os problemas e de todas as soluções, para que atue na medida da sua competência”.
O texto longo do advogado pontua uma série de questões e acusa a gestão de Célia Rocha de ter feito “ficção” com propaganda de escola em tempo integral. “Os prédios das escolas estavam em petição de miséria, com problemas na estrutura física municipal. O mesmo se diga dos postos de saúde e do desabastecimento de remédios. Rogério Teófilo fez o percurso mais difícil para quem deseja atuar seriamente e corrigir as estruturas para colher os frutos de uma gestão responsável: auditou contratos, reduziu custos, moralizou as compras, está reestruturando a TI, corrigindo o informalismo que existia e o descontrole de serem as secretarias mini-prefeituras autônomas. Mas tem sido atacado constantemente, de modo coordenado, pelas viúvas políticas do grupo derrotado no processo eleitoral”. Classificou ainda a greve da Educação como ato politico.
“Rogério negociou pessoalmente, com as contas abertas, fazendo um esforço fiscal absurdo para fazer a proposta de 2,33% de aumento, mesmo tendo pagado folhas atrasadas e mesmo com a crise fiscal. O Sinteal seguiu o caminho que lhe convinha politicamente: nada de diálogo, impondo a sua agenda, chegando ao ponto de fechar as portas do Centro Administrativo e por dois dias impedir o funcionamento de quase todas as secretarias municipais. Qual o resultado prático? Unicamente desgastar o governo, porque todos sabem que não haverá aumento além do que é permitido pelas condições do Município e das normas da Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas nunca deram uma única palavra sobre o uso do dinheiro do precatório do Fundef, os tais R$ 100 milhões, feito pelo governo anterior…”, complementa.
Outro ponto da fala de Soares é o seguinte: “As ruas esburacadas. Por quê? Porque a gestão anterior celebrou um contrato para o saneamento do Município, com destinação de resíduos de modo adequado, e simplesmente permitiu que fossem quebrados os logradouros sem que houvesse o imediato conserto, cujo serviço era previsto contratualmente. Para completar, fez-se o pagamento de uma medição elevada, cujas obras não foram reconhecidas pela Caixa Econômica Federal, gestora dos recursos federais, causando a paralisação do contrato e das obras. A empresa executora não apresentou as comprovações dos serviços e obras objeto da medição, embora tenha recebido o pagamento. Não se está discutindo, ainda, eventuais práticas ilícitas, mas há uma sério problema que precisa ser superado. Esta matéria está sendo objeto de análise jurídica e imediata solução em conjunto com a Caixa”.
O advogado ainda ressalta que poderia citar problemas graves em todas as áreas que estouraram agora na gestão de Teófilo. “Rogério Teófilo optou, corretamente, por enfrentar os problemas. Arrumar a casa. Estruturar a gestão. Os frutos já começam a aparecer, mas serão vistos com muita clareza ainda este ano e sobretudo a partir do próximo. Poderia ele fazer circo e não ter saído do palanque. Poderia ele estar fazendo o velho e surrado populismo. Mas tem a consciência de que a verdadeira política, hoje, exige responsabilidade, transparência e honestidade. Vai apanhar muito, vai ser muito criticado, mas fez a opção única possível: trabalhar duro pelo seu povo de Arapiraca, para corrigir a bagunça que herdou e preparar o futuro que já começa. "Crise" do Governo Rogério Teófilo é crise herdada. O governo não está em crise: está trabalhando e sem a covardia que não poucos gostariam de apostar…”.
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