O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) deixou o governo do mordomo de filme de terror de quinta categoria como quem corre “do coisa ruim”. Por outro lado, os seus conterrâneos Maurício Quintella e Marx Beltrão, ministros dos Transportes e do Turismo, respectivamente, deitaram no colo esplêndido de Temer.
Cada um, ao seu modo, fez uma escolha. Renan sabia que o governo Michel Temer seria um desastre que traria imenso desgaste para quem ficasse ao seu lado. E o senador precisava ocupar outro campo na atual conjuntura política para evitar o aumento de sua rejeição.
Já Maurício e Marx optaram por algo que o cargo oferece: poder, como nunca tiveram. Deixaram-se conquistar e, talvez por isso, especialmente Marx, não consiga realizar o salto seguinte, que é o seu desejado casamento com o cargo de Senador da República.
Com Temer aparecendo com mais de 80% de rejeição em Alagoas, como Marx Beltrão irá defender numa eleição o governante a quem serve? Qualquer outro concorrente vai atacá-lo com facilidade em 2018. Mesmo que estrategicamente nada diga sobre o seu chefe, nem o defenda nos comícios e na propaganda eleitoral gratuita, será presa fácil para adversários como Heloísa Helena ou João Caldas, por exemplo, caso também sejam candidatos.
Até mesmo uma dobradinha com o senador Renan Calheiros pode ser dificultada. Caso Lula seja candidato à Presidência, Renan deve apoiá-lo. Mas Lula irá aceitar um ministro de Temer em seu palanque? Difícil imaginar.
Quanto ao ministro Quintella, com ambição menor, tem dado sinais de que vai disputar o mesmo cargo. É improvável que a sua candidatura sofra influência decisiva da rejeição do presidente. Por outro lado, deverá ter a sua campanha turbinada pelos bons “contatos empresariais que vem construindo no ministério”.
E - não fiquem surpresos, caros leitores - cada um, de acordo com o seu interesse, deseja que Michel Temer conclua o mandato. Quem está no governo pelas benesses que recebe. Quem é oposição para ter em quem jogar pedra.
É que no próximo dia 2 de agosto está marcada a votação para dar prosseguimento à denúncia contra o presidente Michel Temer. E ela só seguirá para o Supremo se pelo menos 342 deputados votarem contra. A oposição vai tentar obstruir essa votação para prolongar o desgaste e deixar o governo “sangrar”.
É a crise interminável que também atinge e paralisa a economia e revela o fracasso da política.