O presidente Michel Temer (PMDB) acredita mesmo que a população vai “compreender” o aumento da carga tributária diante do grave quadro em que vive o Brasil e das dificuldades econômicas que as famílias atravessam, sobretudo as mais pobres? Não é por acaso que Temer tem o baixo índice de popularidade que tem. É infeliz nas declarações! Diz absurdos impondo ao povo mais um sacrifício ao ter que pagar as contas das eras de desmandos de um governo do qual o peemedebista também fazia parte. 

O Estado gigantesco, mastodôntico, e inoperante, com seu pacto federativo centralizador, quebrou. E é burrice insistir no erro, na mesma fórmula que sempre deu errado, sem perceber a necessidade de reduzir efetivamente a máquina pública, cortar gastos em todos os setores - e não apenas no Executivo - e privatizar o que puder ser privatizado. É que o Estado não tem vocação para ser empresário. 

É preciso respeitar quem de fato gera renda e riqueza nesse país, melhorando o ambiente de negócios, desburocratizando para gerar emprego e renda, reduzir impostos para aumentar consumo, se livrar de uma série de entulhos legais para simplificar ações de empreendedorismo sem penalizar o sucesso dos que resolvem investir, dentre outras séries de medidas que apontem para maior liberdade econômica, maior garantia de liberdades individuais e descentralização. 

Mas, Michel Temer - que sempre fez parte desse estamento burocrático que aí se encontra - falou, em Mendonza (Argentina) - sobre o aumento de tributação nos combustíveis. E disse que o brasileiro vai entender. 

Eis a fala: "A população vai compreender, porque esse é um governo que não mente. Não dá dados falsos. É um governo verdadeiro. Então, quando você tem que manter o critério da responsabilidade fiscal, a manutenção da meta, a determinação para o crescimento, você tem que dizer claramente o que está acontecendo. O povo compreende”.

Não, Temer. O povo não compreende. Sabe por que? Porque a maioria da população brasileira não vive encastelada no poder, com privilégios de uma alta casta do funcionalismo público (como os políticos) e suas decisões burocratas em gabinete. A maioria da população vive em um país de verdade, pagando a conta de uma estrutura falida há anos. Pagando a conta de décadas perdidas por conta de uma matriz econômica irresponsável, que ampliou os gastos públicos, institucionalizou a corrupção, distribuiu migalhas e quebrou o país. 

E aqui nem falo da crise moral e ética que se abateu sobre o Brasil, corrompendo valores, a Educação e dando prioridades ao que nem deveria estar na pauta pública. E o que vemos hoje? Um governo frouxo que já deu mostras - como no caso da refundação do Ministério da Cultura - que não consegue sequer sustentar o que pensa. 

É claro que Temer trabalha com uma herança maldita. Só não ouso dizer que ele “herdou” isso, pois fazia parte do governo que a produziu. O partido dele era base governista. O PMDB - como mostra a Lava Jato - sempre esteve amalgamado nos piores escândalos. Tomou algumas medidas corretas? Sim. O presidente Temer tomou. Porém, muito longe das medidas efetivamente necessárias. 

Dentro do atual governo, vemos a mentalidade do estatismo-babá, como no caso do Ministério da Saúde que quer até proibir a venda de refil de refrigerantes por parte de fast-foods. Um exemplo emblemático da falta de lógica e de distanciamento completo da realidade. E Temer quer que a população compreenda esse governo?

Diz ainda Temer: “Isto é o fenômeno da responsabilidade fiscal. E essa responsabilidade fiscal é que importou nesse pequeno aumento do PIS/Cofins. Exatamente para manter, em primeiro lugar, a meta fiscal que nós estabelecemos, em segundo lugar, para assegurar o crescimento econômico, que pouco a pouco vem vindo. Vocês estão percebendo que, aos poucos, o crescimento vem se revelando. Era preciso estabelecer este aumento do tributo para manter esses pressupostos que acabei de indicar”.

Não é um “pequeno aumento”, senhor presidente. É um “assalto” ao bolso do contribuinte que mais uma vez é chamado a pagar a conta. E este aumento tem seu efeito cascata, diante dos reflexos de qualquer reajuste em preços de combustíveis. O brasileiro não tem razão para compreender o senhor. Nem precisa. Pois, a maioria dos trabalhadores vive, a todo momento, tendo que se defender do assalto institucional chamado aumento de impostos. 

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