O senador Renan Calheiros (PMDB) é - atualmente - um dos mais ferrenhos opositores ao presidente Michel Temer (PMDB). Paralelamente, fecha alianças com o PT nacional e até mesmo local. Afinal, o PT e o PMDB, em Alagoas, possui um recente histórico de alianças. 

O partido do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) já esteve dentro da administração estadual do governador Renan Filho (PMDB). 

Calheiros - na busca por uma “agenda positiva” que melhore sua imagem junto à população e em especial à militância de esquerda - se posicionou contra a Reforma Trabalhista, a Reforma da Previdência e até, recentemente, defendeu Lula diante da condenação imposta pelo juiz Sérgio Moro. 

Em algumas críticas a Temer, até esteve correto no mérito. 

Mas, “agenda positiva” buscava distanciar Renan Calheiros dos efeitos da Operação Lava Jato, que tem seus desdobramentos políticos. Não se trata de prejulgar Calheiros, que tem - como qualquer cidadão - o amplo direito à defesa e com ele alegar e buscar provar sua inocência. Porém, independente disso, as acusações e os inquéritos em que o nome de Renan Calheiros aparece tem impacto político e eleitoral. 

Renan Calheiros sabe disso. Os adversários de Renan Calheiros também sabem disso. Tudo isso entra no jogo do xadrez político e é ingenuidade achar que o senador do PMDB não leva isso em conta ao pensar suas posições de forma estratégica. E tudo ia bem, pois o peemedebista, nas matérias mais recentes de jornais e revistas, era pouco citado em contextos que envolve a Lava Jato. Era sempre lembrado por suas críticas ao impopular Temer. 

Mas eis que surge um depoimento que é uma pedra no caminho do “novo” Renan Calheiros. O lobista Jorge Luz - que foi preso em fevereiro pela 38ª fase da Lava Jato - afirmou, em depoimento ao juiz Sergio Moro, que Renan Calheiros e o senador Jade Barbalho (PMDB), além do deputado federal Aníbal Gomes, teriam recebido R$ 11,5 milhões em propina. Se verdade ou não, que venham as investigações. 

O lobista fala de contratos de dois navios-sondas da Petrobras. O recurso teria sido pago a pedido de Fernando Baiano, que já é figura conhecida da Lava Jato. 

Eis um trecho: “Havia um pedido alto para que houvesse esse apoio [aos diretores], o apoio se traduziria em ajuda financeira e em uma oportunidade de que esses políticos pudessem participar de operações que viessem a surgir no decorrer do tempo”, disse. Segundo ele, houve uma reunião para discutir o caso. “Estávamos eu, o Cerveró, o Paulo Roberto Costa, o Aníbal, o Jader. Eu não tenho certeza se o Renan estava”.

O impacto disso? Ainda é cedo para saber. Renan Calheiros tem o foro privilegiado. Logo, não fica nas mãos de Moro, mas do Supremo Tribunal Federal (STF). 

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