No meio dessa crise sem fim, volta e meio os políticos apontam como solução o parlamentarismo. Vale lembrar que em 1993, através de plebiscito, o parlamentarismo foi rejeitado.

Um dos entusiastas é o senador José Serra (PSDB-SP). Ele conversou na semana passada com o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), presidente do Senado, sobre a instalação de uma nova comissão especial sobre sistema de governo, o que deverá ocorrer em agosto.

Outro defensor do parlamentarismo é o ministro Gilmar Mendes, do STF (sempre ele, sempre ele envolvido em articulações políticas), que já tratou sobre o tema com o presidente Michel Temer.

Outro intenso articulador da proposta é o ministro da Educação, Mendonça Filho. Liderança do DEM, ele defende que o novo sistema “consagraria maior governabilidade”. De fato, depois de 1998 o país teve quatro presidentes, sendo que dois não concluíram os mandatos, Collor e Dilma.

No parlamentarismo o governo é comandado por um primeiro-ministro escolhido pelo Poder Legislativo, que pode trocá-lo a qualquer momento.

Até que o parlamentarismo é interessante. Porém, querer adotá-lo no exato momento em que políticos e partidos estão totalmente desmoralizados é um absurdo.

Dar ao Congresso Nacional, hoje recheado de deputados e senadores eleitos com recursos ilícitos - dezenas estão sendo investigados por corrupção -, o poder de escolher e afastar a qualquer momento o comandante da nação é o mesmo que entregar a chave do cofre a uma quadrilha.

Outro fator que faz ressuscitar a tese do parlamentarismo por parte do DEM, PSDB, Temer, Gilmar Mendes, entre outros, é o temor que o ex-presidente Lula ou o deputado Jair Bolsonaro seja eleito presidente do Brasil em 2018.

E isso é bastante possível porque os dois lideram as pesquisas eleitorais. Além disso, os demais partidos e suas lideranças políticas, principalmente as do PSDB, simplesmente foram esmagadas pela opinião pública por causa das denúncias de corrupção – casos de José Serra, Gerando Alckmin e Aécio Neves.

No fundo e quase sempre, a ideia do político brasileiro é o que fazer para sobreviver agora e para sempre.